2009-11-17 12:45:16

A dois anos da Carta do Papa aos católicos chineses, o card. Bertone escreve aos padres da China, a propósito do Ano Sacerdotal


(17/11/2009) Prosseguir no caminho da reconciliação no interior da comunidade católica e do diálogo com as autoridades civis: esta a exortação dirigida pelo cardeal Secretário de Estado, Tarcísio Bertone, aos padres da Igreja Católica na República popular chinesa. Numa Carta por ocasião do Ano Sacerdotal, o purpurado convida os presbíteros chineses a seguirem o exemplo do Santo Cura d’Ars, que “soube dialogar com todos, porque foi um homem de oração”. O cardeal Bertone refere também os frutos da Carta que, em Maio de 2007, o Papa dirigiu à Igreja chinesa.
“Estamos ainda mais em tempo de semear do que de colher”: são palavras do Padre Mateus Ricci, citadas pelo Secretário de Estado do Vaticano, para indicar a situação da Igreja na China, a dois anos da Carta de Bento XVI aos católicos chineses. Ainda não chegou o momento de fazer um balanço definitivo – sublinha. E contudo, “não obstante as dificuldades que subsistem, informações provenientes de diversas partes da China constituem sinais de esperança”. O cardeal Bertone convida, portanto, os padres chineses a actuarem a favor da reconciliação no interior da comunidade católica” e de “um diálogo respeitoso e construtivo com as autoridades civis, sem renunciar aos princípios da fé católica”. Para enfrentar a actual situação eclesial e sociopolítica – observa o cardeal Bertone – e para prosseguir no caminho da reconciliação e do diálogo, é urgente para cada um de vós encontrar luz e força nas fontes da espiritualidade – o amor de Deus e o seguir incondicionado de Cristo. “É possível que algum de vós tenha ficado surpreendido com a Carta do Papa à Igreja na China” – escreve ainda o cardeal Secretário de Estado, que assegura os padres chineses de que “a Santa Sé está ao corrente da complexa e difícil situação” em que eles se encontram. E são precisamente “os novos desafios que o Povo chinês deve enfrentar no início do Terceiro Milénio” a exigir que os padres se abram “confiadamente ao futuro, continuando a procurar viver integralmente a fé cristã”.
O Cardeal Bertone convida os sacerdotes e os fiéis chineses a anunciarem Cristo, não obstante constituam um pequeno rebanho que vive lado a lado de pessoas que têm uma atitude de indiferença, se não mesmo de aversão em relação a Deus e à religião”. Neste sentido, o purpurado fornece mesmo aos padres algumas sugestões concretas: visitar as famílias católicas e não católicas nas aldeias, incrementar os esforços para organizar reuniões em que os católicos possam convidar os parentes e amigos não católicos para que possam conhecer melhor a Igreja e a fé cristã. Aponta também a Eucaristia e a Palavra de Deus como o binómio fundamental para um forte testemunho evangélico. Em especial, sublinha que a Eucaristia é “sacramento da comunhão”. “Uma comunidade verdadeiramente eucarística não pode fechar-se sobre si mesma, como se fosse auto-suficiente, mas deve manter-se em comunhão com todas as outras comunidades católicas” – observa. Cada celebração da Eucaristia postula a união “não só com o próprio bispo, mas também com o Papa, com todo o Povo de Deus”.

Neste contexto, o cardeal Bertone encoraja, pois, os padres chineses a seguirem as pegadas do Cura de Ars. João Maria Vianney – lê-se na Carta – “soube dialogar com todos, porque foi um homem de oração: a arte do diálogo, a qualquer nível que seja, aprende-se no diálogo com Deus, em oração contínua e sincera”. Dirige-se então aos Bispos chineses convidando-os a cuidar da formação permanente do clero e a promover uma pastoral a favor das vocações sacerdotais. E também a encontrar frequentes ocasiões para contactos pessoais com os sacerdotes.
O cardeal Bertone exorta finalmente os prelados a prodigalizarem-se a bem da reconciliação espiritual dos corações, em particular através da utilização de instrumentos de comunhão e de colaboração no interior da comunidade católica diocesana. A Carta conclui fazendo votos de que a vida dos padres chineses seja “cada vez mais guiada por aqueles ideais de total doação a Cristo e à Igreja, que inspiraram o pensamento e a acção do Santo Cura de Ars”.








All the contents on this site are copyrighted ©.