2009-11-13 15:16:20

Dar de comer a quem tem fome: não esquecer a prioridade da sua dimensão ética


(12/11/2009) Por ocasião do dia mundial da alimentação de 2007, Bento XVI numa mensagem ao director da FAO Jacques Diouf recordava a todos que nos encontramos perante um dos desafios mais graves do nosso tempo: libertar da fome milhões de seres humanos, cuja vida se encontra em perigo pela falta do pão quotidiano. O tema escolhido para esta jornada, “o direito á alimentação” abre idealmente as reflexões que a comunidade internacional se prepara para fazer por ocasião da celebração dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Esta coincidência ajuda a pensar na importância que o direito á alimentação reveste para se poder conseguir felizmente outros direitos, a começar, antes de mais pelo direito fundamental á vida. Devemos constatar que os esforços envidados até agora não parecem ter diminuído significativamente o numero daqueles que sofrem a fome no mundo, não obstante todos reconheçam que a alimentação é um direito primário. Isto deve-se talvez ao facto que se tende a agir motivados apenas ou principalmente, por considerações técnicas e económicas, esquecendo a prioridade da dimensão ética de dar de comer aos famintos. Esta prioridade concerne o sentimento de compaixão e de solidariedade que é próprio do ser humano, que leva a partilhar uns com os outros não só os bens materiais, mas também o amor de que todos precisam. Efectivamente damos demasiado pouco se oferecemos apenas coisas materiais.
Os dados disponíveis mostram que não respeitar o direito à alimentação se deve não só a causas de tipo natural mas também, e sobretudo, a situações provocadas pelo comportamento dos homens e que desembocam num deterioramento geral de tipo social, económico e humano. São sempre mais numerosas as pessoas que, devido à pobreza ou a conflitos sangrentos, se vêem obrigadas a deixar as suas casas e os seus familiares para procurar sustento fora da sua terra. Não obstante os compromissos internacionais, muitas delas são reprimidas.

O direito à alimentação, pelo que implica, tem uma repercussão imediata quer na sua dimensão individual quer comunitária, que atinge inteiras populações e grupos humanos. Penso de modo particular na situação das crianças primeiras vítimas desta tragédia muitas vezes impedidas no seu desenvolvimento físico e psíquico e, em muitas ocasiões, obrigadas a um trabalho forçado ou alistadas nos grupos armados com a promessa de receber algum alimento. A este respeito, coloco a minha esperança nas iniciativas que foram empreendidas a nível multilateral para favorecer a alimentação escolar e que permitem a inteiras comunidades, cuja sobrevivência está ameaçada pela fome, olhar com mais confiança para o futuro.

A Igreja Católica sente-se próxima de vós neste esforço e, através das suas diversas instituições, deseja continuar a colaborar para apoiar as aspirações e as esperanças daquelas pessoas e povos para os quais se dirige a acção da FAO.








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