2009-11-13 12:30:01

ANCHIETA: RUMO À CANONIZAÇÃO


Roma, 13 nov (RV) - "José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil" foi o título do simpósio realizado ontem, na Embaixada do Brasil junto ao Governo Italiano, na Piazza Navona. A iniciativa foi promovida pela Embaixada do Brasil junto à Santa Sé, em parceria com o Programa Brasileiro da Rádio Vaticano.

Os conferencistas abordaram diversos aspectos do Beato: o Anchieta histórico, precursor do chamado "encontro de dois mundos", o Anchieta jesuíta, "conquistador de almas", e o andamento de seu processo de canonização.

Ao saudar os presentes, entre os quais os bispos do Regional Sul 1 (Estado de S. Paulo, em visita ad Limina), o embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Luiz Felipe de Seixas Corrêa, falou do Beato como um verdadeiro "proto-brasileiro", por ser uma figura chave na formação do Brasil, "uma peça fundamental para a compreensão deste mosaico que se foi compondo ao longo dos séculos e que deu origem à cultura brasileira".

O arcebispo de São Paulo, Card. Odilo Pedro Scherer, falou da fundação da cidade, que se deu em um contexto religioso, e a influência de Anchieta hoje naquela que se tornou a maior metrópole da América do Sul.

O responsável pelo Programa Brasileiro e ex-vice-postulador da causa de canonização de Anchieta, Pe. Cesar Augusto dos Santos, ofereceu aos presentes um histórico completo da vida do Beato, a partir de seu nascimento, em uma família cristã em Tenerife, Espanha, até a sua morte, aos 63 anos, em Reritiba, atual Anchieta, ES.

Já aos 14 anos, José sentia a vocação religiosa e em 1551, foi admitido como noviço no colégio jesuíta da Universidade de Coimbra, Portugal. Aos 19 anos, foi enviado ao Brasil como missionário, e no final de 1553 chegou a São Vicente, SP, onde aprofundou os primeiros contatos com os índios.

Pe. Cesar ilustrou todo o percurso de vida e santidade de Anchieta, relevando a fundação do pequeno Colégio São Paulo de Piratininga, em 25 de janeiro de 1554, onde participou da primeira missa e começou o trabalho de conversão, batismo e catequese dos índios.

Para eles, Anchieta foi médico, sacerdote e educador: cuidava do corpo, da alma e da mente. Usava o teatro e a poesia na catequese, tornando a aprendizagem um processo prazeroso.

Aos índios, ensinou português, aprendendo, por sua vez, o tupi. Anchieta escreveu a "Arte da Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil". Anchieta ganhou a confiança dos índios, e após muitos incidentes, conseguiu pacificar tamoios, tupinambás e portugueses.

A seguir, o postulador-geral da Companhia de Jesus, Pe. Anton Witwer, falou da diferença teológica entre beatificação e canonização. Com a beatificação, explicou o jesuíta, o papa concede um culto litúrgico do beatificado à Igreja local.

No caso da canonização, ao invés, se trata de um ato de infalibilidade, com o qual a Igreja declara definitivamente que o canonizado faz parte dos santos no céu, com a aprovação de um milagre ocorrido depois da beatificação. E o milagre é o que está faltando no processo do Beato

Para Pe. Witwer, o tempo que espera a beatificação da canonização é como o tempo do Advento, a ser vivido como momento de graça: "Sobre a causa de canonização de José de Anchieta, nos encontramos neste 'tempo de advento', e só me resta desejar à Igreja no Brasil o aprofundamento contínuo da sua confiança em Deus, pedindo a intercessão do Beato José de Anchieta".

Após a pausa, tomou a palavra a Professora Roseli Santaella Stella, especialista em história do período da União Ibérica, que falou do Anchieta poeta e escritor. Ao prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Cláudio Hummes, coube concluir o simpósio, sendo muito aplaudido pelo público presente na Sala Palestrina.

Ele tratou da atualidade do beato, explicou a necessidade de evangelizar e propagar a autêntica fé nos dias de hoje, pedindo aos bispos que divulguem entre os fiéis a santidade de Anchieta. Dom Cláudio convidou as dioceses a promoverem novenas e peregrinações das relíquias do Apóstolo do Brasil, despertando, desta forma, o interesse popular e a devoção ao beato.

O cardeal recordou a bravura de Anchieta como missionário, que adentrava as florestas em intermináveis peregrinações pelas terras brasileiras, apesar de seus problemas de saúde.

Na sequencia, o embaixador Luiz Felipe de Seixas Correa apresentou a leitura do "Poema em Louvor à Virgem Maria", gravação de Marco Ribeiro da célebre poesia cujos versos foram traçados por Anchieta nas areias das praias.

No encerramento, o Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, Cardeal Geraldo Magella Agnelo, apresentou uma relíquia do beato, concedendo a sua benção. (BF/CM)







All the contents on this site are copyrighted ©.