NA AUDIÊNCIA GERAL, O APELO DE BENTO XVI EM PROL DO SRI LANKA
Cidade do Vaticano, 11 nov (RV) - Bento XVI recebeu esta manhã, na Sala Paulo
VI, milhares de fiéis para a Audiência Geral das quartas-feiras.
Em sua catequese,
o papa falou do mosteiro de Cluny, que está completando mil e cem anos. Tratou-se
de um movimento monástico de grande importância na Idade Média, que restaurou a observância
da Regra beneditina. Este mosteiro colocou a celebração litúrgica no centro da vida
cristã, embelezando-a com a música sacra, a arquitetura e a arte, convencidos de que
é participação na liturgia celestial. Enriqueceu também o calendário litúrgico, acrescentando,
por exemplo, a celebração de finados.
Cluny adquiriu logo fama de santidade,
e deu origem a quase dois mil mosteiros em diversos países da Europa. Esta difusão
foi possível também à sua dependência direta do Romano Pontífice, que liberava os
mosteiros das ingerências das autoridades locais. Assim, puderam se opor à simonia
na concessão de ofícios eclesiásticos, e fomentar maior estima pelo celibato e a moralidade
dos sacerdotes.
Além disso, os monges de Cluny se ocupavam dos necessitados,
da educação e da cultura quando não havia instituições para isso e criaram espaços
de paz, em uma época de muita violência. Tudo isso abriu as portas ao reconhecimento
do valor da pessoa humana e a necessidade da paz.
Eis o resumo que Bento XVI
fez de sua catequese em português, seguida da saudação aos peregrinos: "Há mil
e cem anos, nascia o mosteiro de Cluny segundo a observância da Regra de São Bento,
cujos monges davam grande importância à liturgia porque estavam convictos firmemente
de que era participação na liturgia do Céu. Os frutos de santidade multiplicaram-se
e esta fama levou muitas outras comunidades monásticas a seguir a reforma de Cluny:
no início do século XII a Ordem contava cerca de mil e duzentos mosteiros, a partir
dos quais se foi delineando uma Europa do espírito. A eles se devem as chamadas «tréguas
de Deus» e «a paz de Deus», duas instituições típicas da civilização medieval que
foram cimentando, na consciência dos povos, dois elementos fundamentais da sociedade:
o valor da pessoa humana e o bem primordial da paz. Saúdo os fiéis da paróquia Imaculado
Coração de Maria em Criciúma e demais grupos vindos do Brasil. Para vós e todos os
peregrinos lusófonos presentes, vai a minha saudação cordial, com votos de boa viagem
de regresso às vossas terras e famílias, que vos esperam transfigurados pela graça
desta romaria penitencial aos túmulos dos Apóstolos São Pedro e São Paulo. Também
eu vo-lo desejo, ao dar-vos, propiciadora de abundantes graças celestes, a Bênção
Apostólica".
No final da Audiência Geral, o papa fez um apelo em
prol do Sri Lanka. O pontífice recorda que se passaram seis meses desde o final do
conflito que ensangüentou o país e nota com satisfação os esforços das autoridades
que, nessas semanas, estão facilitando o regresso à casa dos refugiados de guerra.
"Encorajo vivamente uma aceleração deste empenho e peço a todos os cidadãos
que trabalhem por uma rápida pacificação, no pleno respeito dos direitos humanos,
e por uma justa solução política dos desafios que ainda aguardam o país."
Por
fim, Bento XVI fez votos de que a comunidade internacional esteja atento às necessidades
humanitárias e econômicas do Sri Lanka, e eleva sua oração a Nossa Senhora de Madhu,
para que continue a proteger "aquela amada terra". (BF)