DIRETOR DA "SPECOLA VATICANA" FALA SOBRE A BUSCA DE VIDA INTELIGENTE FORA DA TERRA
Cidade do Vaticano, 07 nov (RV) - Teve início nesta sexta-feira, no Vaticano,
a semana de estudos dedicada à Astrobiologia, uma iniciativa que se insere no âmbito
do Ano Internacional da Astronomia, organizada pela Pontifícia Academia das Ciências
junto com o Observatório Astronômico Vaticano, conhecido como "Specola Vaticana".
O
presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano, Cardeal Giovanni
Lajolo, transmitiu a saudação do papa aos participantes dessa semana de estudos: um
encontro que debate o tema da possibilidade de vida inteligente fora da Terra: "uma
tarefa que exige seriedade científica e que não pode ser confundida com ficção científica"
– disse o purpurado.
Em seguida, o Cardeal Lajolo ressaltou que "não tememos
nenhuma verdade na pesquisa", porque "as ciências, justamente ao tempo em que abrem
o homem a novos conhecimentos, contribuem para realizar o homem como homem". Mas o
que significa astrobiologia. Foi o que a Rádio Vaticano procurou saber do diretor
do Observatório Astronômico Vaticano, Pe. José Funes. Eis o que disse:
Pe.
José Funes:- "O objeto da astrobiologia é a pesquisa sobre a possibilidade de
vida tanto em nosso sistema solar – nos lugares mais próximos do universo – quanto
em outros sistemas estelares. Até então sabemos que existem cerca de 350 estrelas
que têm planetas que giram em torno delas; entre esses planetas alguns poderiam ser
parecidos ao nosso. Eis que esta é a finalidade da astrobiologia: buscar possibilidades
de vida no universo, fora da Terra."
Qual é o objetivo dessa semana de estudos?
Pe.
José Funes:- "O objetivo é fazer um balanço da situação nesta disciplina científica.
Serão apresentados os últimos resultados para ajudar-nos a entender melhor a que ponto
nos encontramos no estudo sobre a vida no universo; fazer uma avaliação da situação
numa disciplina em que consideramos ser muito importante que a Igreja esteja envolvida,
ao menos acompanhando os principais resultados reconhecidos pela comunidade científica."
No
que concerne à questão da "inteligência extraterrestre", de que se trata exatamente
e, sobretudo, sobre o que se refletirá nesta semana de estudos?
Pe.
José Funes:- "Existem programas destinados à busca de vida fora da Terra – obviamente,
estamos falando de vida inteligente. Não temos nenhuma prova da existência de vida,
nem mesmo nas formas mais primitivas, no universo. Existem programas sérios, entre
os quais o mais conhecido é o que busca "capturar" – por assim dizer – possíveis sinais
de uma civilização mais desenvolvida do que a nossa. Isso tem como premissa que essas
civilizações sejam desenvolvidas, tenham uma tecnologia ao menos análoga à nossa e
que sejam capazes de emitir sinais. Até então não há nenhum resultado que possa nos
induzir a crer que exista vida inteligente fora da Terra."
P. A seu ver,
mediante novos estudos quais perspectivas são colocadas pela ciência?
Pe.
José Funes:- "Eu diria que esse é um confim, uma fronteira da ciência; creio que
a comparação entre os estudos que os biólogos fazem na terra, como as formas de vida
também muito primitivas que podem sobreviver em condições extremas, como, por exemplo,
em profundidades oceânicas abissais, podem nos ajudar a compreender também as possibilidades
de que exista a vida também em outros mundos. Ao mesmo tempo, se conseguíssemos descobrir
se há vida fora da terra, isso poderia ajudar-nos a compreender melhor como a vida
se formou e desenvolveu em nosso planeta." (RL)