LÍDERES CRISTÃOS DE ZIMBÁBUE PEDEM FIM DA TENSÃO POLÍTICA
Harare, 30 out (RV) - Zimbábue pode viver uma nova onda de violência depois
do rompimento das relações entre o primeiro-ministro, Morgan Tsvangirai, e o presidente,
Robert Mugabe. É o que afirmam as principais confissões cristãs do país, em comunicado
divulgado pela Aliança Cristã de Zimbábue, da qual fazem parte católicos, anglicanos,
evangélicos e pentecostais.
"Nós, da Aliança Cristã de Zimbábue, recebemos
com inquietude a notícia da disputa entre o Movimento para a mudança democrática (MDC,
o partido de Tsvangirai) e a União nacional africana do Zimbábue-Fronte patriótico
(ZANU-PF, o partido de Mugabe). Tememos que isso possa ser o sinal de uma primeira
etapa a caminho da desintegração e da falência do governo de união nacional. Estamos
preocupados com o fato de que a queda do governo possa desencadear uma violência generalizada
no país, que terá um impacto negativo na região" – afirma o comunicado.
O
governo de unidade nacional foi constituído em fevereiro de 2009, depois de um longo
confronto político que acabou muitas vezes em violência entre o presidente Mugabe
e o principal expoente da oposição, Tsvangirai. Este último contestava a vitória de
Mugabe no primeiro turno das eleições presidenciais de março de 2008.
Graças
à mediação da Comunidade Econômica dos Estados da África Austral (SADC), chegou-se
a um acordo para a partilha do poder entre os dois líderes e a formação de um governo
de união nacional.
Depois de meses de convivência difícil, em 16 de outubro
o Movimento para a mudança democrática anunciou o boicote parcial das atividades do
governo, acusando o partido do presidente "de ser um parceiro não confiável e desonesto".
Desde então os ministros de Tsvangirai boicotam as reuniões do governo. Um encontro
recente entre Mugabe e Tsvangirai não levou a um esclarecimento, e a tensão continua
a aumentar no país. (BF)