Seoul, 29 out (RV) – A sociedade coreana “entrou em uma fase que poderíamos
chamar de polarização. Somente que, na extremidade mais baixa deste pólo estão os
trabalhadores irregulares e os desempregados. É urgente que o governo ouça a voz da
Igreja: a dignidade humana e o sentido do trabalho são fatores que devem ser respeitados,
condições humanas a serem preservadas”. É o apelo lançado pelo bispo de Incheon e
presidente da Comissão episcopal Justiça e Paz, Dom Boniface Choi Ki-san, durante
o encontro promovido pela Igreja Católica sobre a situação do trabalho na Coréia do
Sul.
O encontro – intitulado “Reflexões e soluções práticas para o trabalho
irregular: a voz da Igreja para a solidariedade social” – realizou-se nos dias passados
no Centro apostólico jesuíta de Seul. Além dos sacerdotes diocesanos e do bispo de
Incheon, estavam presentes como relatores peritos em direito do trabalho e economistas.
O encontro foi organizado para apresentar os resultados da pesquisa sobre o trabalho
irregular realizada pelo organismo Justiça e Paz, que o define “uma das piores chagas
sociais do nosso tempo”.
Para realizar a pesquisa, o Centro coreano católico
para os trabalhadores conduziu pesquisas entre os meses de janeiro e julho, através
de sondagens e entrevistas com os funcionários públicos e operários. Além do mais,
no documento final são apresentados os documentos e os ensinamentos sociais da Igreja
sobre o tema do direito ao emprego: uma espécie de vademecum para quem afronta o mundo
do trabalho.
Durante o debate, os participantes se concentraram sobre o novo
fenômeno do trabalho irregular. Após a desastrosa crise financeira do ano passado,
de fato, também na Coréia do Sul emergiu o fenômeno do trabalho “negro”. Sempre presente
no campo agrícola e industrial, o fenômeno se alargou até envolver todos os setores:
hoje, diz a pesquisa, 52% daqueles que tem um trabalho não possuem um contrato. Portanto,
não pagam impostos e não têm garantias sociais. Ainda mais grave é a situação das
mulheres: segundo a pesquisa, 64% das mulheres que trabalham são irregulares. (SP)