Sínodo apresenta ao Papa 57 propostas onde se destaca a luta contra a pobreza e os
conflitos armados
(24/10/2009) Os participantes na II assembleia especial para a África do Sínodo dos
Bispos aprovaram este Sábado o documento conclusivo dos seus trabalhos, no qual apresentam
57 propostas (proposições) a Bento XVI. Os Bispos pedem o fim dos conflitos armados
e da pena de morte no continente africano. De facto, a paz e a reconciliação, que
deram o mote a esta assembleia sinodal, percorrem as diversas propostas, a partir
das quais o Papa deverá elaborar uma exortação apostólica. Uma das novidades apresentadas
é a proposta de criação de um “fundo de solidariedade continental” para o combate
à pobreza, que seria gerido pela Cáritas. Das propostas sai também o apelo em favor
de um tratado internacional sobre o comércio de armas e pela abolição das armas nucleares,
biológicas ou de destruição em massa. No centro do documento estão temas como o
diálogo inter-religioso, em especial com o Islão e as religiões tradicionais, a defesa
do ambiente, a necessidade de democracia em toda a África – em especial face à “expansão”
de sistemas despóticos e militares -, a defesa da família ou a atenção aos fenómenos
migratórios. Os participantes no Sínodo pedem um tratado internacional sobre o
tráfico de armas e apelam ao perdão da dívida externa. O documento deixa votos de
que os recursos naturais do continente sejam geridos a nível local, sem a exploração
das multinacionais, em especial no que diz respeito a bens essenciais como a terra
ou a água. Uma palavra de encorajamento é deixada à aposta nas energias renováveis
e na defesa dos agricultores. Tal como aconteceu na Mensagem Final, os Bispos dizem
“não” à corrupção dos políticos e pede maior atenção para as mulheres, crianças e
pessoas com deficiência. Aos governos é pedido que acabem com o drama dos homicídios
e dos sequestros, promovendo também uma justa redistribuição dos bens, para criar
melhores condições de vida e evitar a chamada “fuga de cérebros”. Os Bispos pedem
que as eleições sejam “livres, transparentes e seguras”, exigindo aos líderes religiosos
uma posição de imparcialidade. SIDA, malária, droga e álcool são outras realidades
que preocupam os padres sinodais, para quem a África deve recusar “estilos de vida
promíscuos” que alimentam a sua difusão. À comunidade internacional é pedido que facilite
o acesso aos medicamentos e a produção de vacinas, a baixo custo. Encorajando o
trabalho da Igreja, os Bispos exortam os sacerdotes para que vivam o “dom do celibato”. Neste contexto
eclesial, destaque para a necessidade de uma maior difusão da Doutrina Social da Igreja
e de uma aposta séria na educação. Teólogos, catequistas e as pequenas comunidades
cristãs são chamadas a “vencer” o desafio colocado pelos movimentos religiosos esotéricos. As
propostas lembram a importância da comunicação, desejando que a Igreja esteja mais
presente nos media e que o jornalismo seja marcado pela ética, afastando-se do sensacionalismo. (lista
integral em Sinodo)