BENTO XVI ENCERRA SÍNODO AFRICANO COM CELEBRAÇÃO NO VATICANO
Cidade do Vaticano, 25 out (RV) – Do Sínodo Africano veio um forte apelo para
“renovar o modelo de desenvolvimento global, de modo que seja capaz de “incluir todos
os povos e não somente aqueles adequadamente habilitados”, disse o Santo Padre nesta
manhã na Basílica de São Pedro durante a missa de conclusão da Assembleia Especial
para a África do Sínodo dos Bispos. O Papa, neste sentido, chamou a atenção para o
que já afirmara na sua recente encíclica social, Caritas in veritate.
“O que
a doutrina social da igreja sempre afirmou a partir da sua visão do homem e da sociedade,
hoje é requerido também pela globalização. Ela – é preciso recordar, continuou o papa
– não deve ser entendida de maneira fatalista como se as suas dinâmicas fossem produzidas
por anônimas forças impessoais e independentes da vontade humana. A globalização é
uma realidade humana e como tal é modificável segundo um ou outro delineamento cultural.
A Igreja trabalha com a sua concepção personalista e comunitária, para orientar o
processo em termos de relacionamento, fraternidade e partilha”.
“Coragem, levante-se...
“ Assim hoje o Senhor da vida e da esperança – continuou o papa - dirige-se à Igreja
e às populações africanas, no final destas semanas de reflexão sindoal. Levante-se,
Igreja na África, família de Deus, porque quem chama é o Pai celeste que seus antepassados
evocaram como Criador, antes de conhecer sua proximidade misericordiosa, revelada
no seu Filho unigênito, Jesus Cristo.
“A urgente ação evangelizadora, da qual
muito se falou nestes dias, inclui também um apelo premente à reconciliação, condição
indispensável para instaurar na África relações de justiça entre os homens e para
construir uma paz equilibrada e duradoura no respeito de cada indivíduo e cada povo;
uma paz que tem necessidade e se abre à contribuição de todas as pessoas de boa vontade
além das respectivas pertenças religiosas, étnicas, linguísticas , culturais e sociais.”
O
Papa afirmou que nesta comprometida missão, a Igreja peregrina na África do terceiro
milênio não está sozinha. Toda a Igreja Católica está próxima com a sua oração e solidariedade
e do Céu acompanham os santos e santas africanos que, com a vida, muitas vezes até
ao martírio, testemunharam plena fidelidade a Cristo.
Coragem! Levante-se,
continente africano, terra que acolheu o Salvador do mundo quando era menino e teve
que se refugiar com José e Maria no Egito para fugir da perseguição de Herodes. Receba
com entusiasmo renovado – continuou o papa – o anúncio do Evangelho para que a face
de Cristo possa iluminar com o seu esplendor a multiplicidade das culturas e das linguagens
das suas populações.
“Enquanto oferece o pão da Palavra e da Eucaristia, -
afirmou Bento XVI - a Igreja empenha-se também em trabalhar, com todos os meios disponíveis,
a fim de que a nenhum africano falte o pão cotidiano. Por isso, junto com a obra de
primeira urgência da evangelização, os cristãos são ativos nas intervenções de promoção
humana.”
Um desenvolvimento “respeitoso das culturas locais e do meio ambiente”,
como aquele promovido por Paulo VI com a encíclica Populorum progressio e colocado
em prática pelos missionários. “Uma lógica – disse o Santo Padre – que ainda hoje,
depois de mais de 40 anos, parece a única capaz de fazer com que o povo africano saia
da situação de escravidão, fome e doenças.
O papa concluiu as suas palavras
pedindo aos Padres sinodais que sejam portadores do apelo à reconciliação, à justiça
e à paz que ressoou com freqüência neste Sínodo. (SP)