2009-10-21 12:20:08

RIO E BRUXELAS MOBILIZADAS CONTRA TRABALHO ESCRAVO


Bruxelas/Rio de Janeiro, 21 out (RV) - “O que está por trás do que compramos?” A essa pergunta tenta responder a campanha internacional “Compra com responsabilidade”, da Organização Internacional para as Migrações (OIM). A Campanha foi lançada segunda-feira, na Bélgica, e tem o objetivo de conscientizar os consumidores sobre a procedência de produtos oriundos da exploração da mão-de-obra de pessoas traficadas.

O objetivo é sensibilizar consumidores e provocar uma mudança no comportamento consumista, eliminando o ciclo da exploração de seres humanos através do tráfico. Estima-se que cerca de 12,3 milhões de pessoas no mundo sejam vítimas do trabalho forçado em situação de escravidão ou semelhante.

De acordo com a OIM, “é fundamental eliminar a procura da mão-de-obra explorada e traficada destinada a satisfazer o desejo de produtos baratos e grandes lucros por parte de consumidores e empresas”.

A maior parte dos casos de pessoas traficadas registra mulheres e crianças que são exploradas sexualmente; os homens traficados são explorados nos campos da agricultura, construção, pesca e serviços domésticos.

Segundo dados da OIM, o número de vítimas do tráfico para exploração laboral aumentou nos últimos 11 anos, com uma aceleração nos últimos 5 anos.

Mais informações sobre a campanha através do site: http://www.buyresponsibly.org

Entretanto, começa hoje, e vai até sexta, na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, a terceira edição da Reunião Científica Trabalho Escravo Contemporâneo e Questões Correlatas, com a participação de pesquisadores e especialistas de diversas universidades do Brasil e do exterior.

A intenção dos organizadores é dar continuidade aos debates iniciados na I e II Reunião e unir a comunidade acadêmica no debate sobre os novos sentidos da escravidão, as formas de combatê-la e a presença do trabalho escravo na atualidade.

As apresentações abordarão temáticas relativas à representação política e combate ao trabalho escravo e à escravidão no século XXI. Na pauta, também constam discussões relacionadas à migração e trabalho, debates sobre temas relacionados à escravidão e aos direitos humanos no Brasil, na Espanha e na Europa, com discussões também sobre o conceito de trabalho escravo como crime.

Na noite do dia 22, dentro da programação da III Reunião, será feita a entrega do Prêmio Nacional de Direitos Humanos "João Canuto".

O último dia do evento será reservado para os relatos sobre a reinserção do profissional trabalhador escravo e para denúncias de escravidão no Estado Mato Grosso. Também serão lançadas "Campanhas educativas para prevenção e combate ao trabalho escravo por dívida no Brasil rural: primeiras aproximações". O evento será encerrado com uma avaliação da III Reunião e discussão sobre novos encontros.

O trabalho escravo é uma prática que ainda persiste, sobretudo na região rural. Segundo o professor Ricardo Rezende, não existem dados numéricos que declarem quantas pessoas estão vivendo atualmente nesta situação. O que existe são informações sobre a quantidade de denúncias e pessoas libertas. “Hoje, o número maior é de trabalhadores que vivem em condições análogas a de escravidão, a maioria fica presa por causa de dívidas com os donos das terras”, explicou o professor à Agência Adital.

“O trabalho escravo só será erradicado quando forem resolvidas as questões relativas à concentração de terras, concentração de renda, emprego e educação. Enquanto houver gente desempregada, estaremos suscetíveis a esta prática” - completa. (CM)







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