RIO E BRUXELAS MOBILIZADAS CONTRA TRABALHO ESCRAVO
Bruxelas/Rio de Janeiro, 21 out (RV) - “O que está por trás do que compramos?”
A essa pergunta tenta responder a campanha internacional “Compra com responsabilidade”,
da Organização Internacional para as Migrações (OIM). A Campanha foi lançada segunda-feira,
na Bélgica, e tem o objetivo de conscientizar os consumidores sobre a procedência
de produtos oriundos da exploração da mão-de-obra de pessoas traficadas.
O
objetivo é sensibilizar consumidores e provocar uma mudança no comportamento consumista,
eliminando o ciclo da exploração de seres humanos através do tráfico. Estima-se que
cerca de 12,3 milhões de pessoas no mundo sejam vítimas do trabalho forçado em situação
de escravidão ou semelhante.
De acordo com a OIM, “é fundamental eliminar a
procura da mão-de-obra explorada e traficada destinada a satisfazer o desejo de produtos
baratos e grandes lucros por parte de consumidores e empresas”.
A maior parte
dos casos de pessoas traficadas registra mulheres e crianças que são exploradas sexualmente;
os homens traficados são explorados nos campos da agricultura, construção, pesca e
serviços domésticos.
Segundo dados da OIM, o número de vítimas do tráfico para
exploração laboral aumentou nos últimos 11 anos, com uma aceleração nos últimos 5
anos.
Mais informações sobre a campanha através do site: http://www.buyresponsibly.org
Entretanto, começa hoje, e vai até sexta, na Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ, a terceira edição da Reunião Científica Trabalho Escravo Contemporâneo
e Questões Correlatas, com a participação de pesquisadores e especialistas de diversas
universidades do Brasil e do exterior.
A intenção dos organizadores é dar
continuidade aos debates iniciados na I e II Reunião e unir a comunidade acadêmica
no debate sobre os novos sentidos da escravidão, as formas de combatê-la e a presença
do trabalho escravo na atualidade.
As apresentações abordarão temáticas relativas
à representação política e combate ao trabalho escravo e à escravidão no século XXI.
Na pauta, também constam discussões relacionadas à migração e trabalho, debates sobre
temas relacionados à escravidão e aos direitos humanos no Brasil, na Espanha e na
Europa, com discussões também sobre o conceito de trabalho escravo como crime.
Na
noite do dia 22, dentro da programação da III Reunião, será feita a entrega do Prêmio
Nacional de Direitos Humanos "João Canuto".
O último dia do evento será reservado
para os relatos sobre a reinserção do profissional trabalhador escravo e para denúncias
de escravidão no Estado Mato Grosso. Também serão lançadas "Campanhas educativas para
prevenção e combate ao trabalho escravo por dívida no Brasil rural: primeiras aproximações".
O evento será encerrado com uma avaliação da III Reunião e discussão sobre novos encontros.
O
trabalho escravo é uma prática que ainda persiste, sobretudo na região rural. Segundo
o professor Ricardo Rezende, não existem dados numéricos que declarem quantas pessoas
estão vivendo atualmente nesta situação. O que existe são informações sobre a quantidade
de denúncias e pessoas libertas. “Hoje, o número maior é de trabalhadores que vivem
em condições análogas a de escravidão, a maioria fica presa por causa de dívidas com
os donos das terras”, explicou o professor à Agência Adital.
“O trabalho escravo
só será erradicado quando forem resolvidas as questões relativas à concentração de
terras, concentração de renda, emprego e educação. Enquanto houver gente desempregada,
estaremos suscetíveis a esta prática” - completa. (CM)