SÍNODO PARA A ÁFRICA: APRESENTADO ELENCO ÚNICO DAS PROPOSIÇÕES FINAIS
Cidade do Vaticano, 20 out (RV) - Encaminha-se para a sua conclusão a II Assembléia
Especial para a África do Sínodo dos Bispos, em andamento no Vaticano com o tema "A
Igreja na África a serviço da reconciliação, da justiça e da paz. <> (Mt 5, 13.14).
Esta manhã, durante
a 17ª Congregação geral, foi apresentado o elenco único das Proposições finais. O
documento, ainda provisório, receberá as emendas necessárias e será votado pela Assembléia.
Na
presença de Bento XVI, os Padres sinodais lançaram um apelo em favor da paz na Região
dos Grandes Lagos.
De fato, um premente apelo a fim de que cessem as violências
na Região dos Grandes Lagos. É o que escreve a presidência do Sínodo numa carta endereçada,
entre outros, aos bispos do Sudão, país que nos últimos tempos registrou o horror
de cristãos crucificados.
"Não matarás" é um mandamento inscrito no coração
do homem, lê-se no texto. A linguagem das armas seja substituída pelo diálogo.
A
paz e a reconciliação prevalecem, naturalmente, no elenco único das Proposições apresentado
esta manhã. No documento, ainda provisório, define-se o Sínodo atual como "Sínodo
do Pentecostes", pede-se que a cooperação inspire a sociedade e se dê atenção à solidariedade
pastoral.
Entrando no específico, os Padres sinodais refletem sobre o diálogo
ecumênico e inter-religioso, em particular com o Islã. A exemplo do Dia mundial de
oração pela paz, realizado em Assis em 1986, o esboço de Proposições pede o respeito
pela liberdade de culto e convida a não politizar a religião nem torná-la objeto étnico.
Os
Padres sinodais reafirmam que a liberdade religiosa é um direito fundamental que deve
ser protegido e reconhecido; pedem que as igrejas e propriedades eclesiásticas confiscadas
sejam restituídas e que se diga "não" ao fundamentalismo.
Também a relação
com as Religiões Tradicionais Africanas é colocada como central, não devendo tais
religiões ser rejeitadas a priori, mas estudadas em comparação com a teologia.
Ao mesmo tempo, o Sínodo recomenda que a Igreja seja capaz de enfrentar o exoterismo
e as práticas ocultas.
Em seguida, os Padres sinodais olham para o progresso
concreto da África: nesse âmbito, pede-se para conter a "fuga de intelectuais" da
África instituindo centros acadêmicos de alta qualidade; faz-se votos de um programa
de anulação da dívida externa, e se defende a criação do microcrédito.
Ademais,
os Padres sinodais dedicam espaço para a grande página da Doutrina Social da Igreja,
que deve ser estudada e difundida em todos os níveis. Dá-se espaço também para a tutela
do ambiente, no momento em que a África registra uma desertificação sem precedentes,
fazendo votos de um tratado internacional sobre o tráfico de armas e a defesa dos
direitos dos migrantes, que não devem ser criminalizados.
O elenco único das
Proposições fala também da globalização, fazendo votos de que ela seja ética e solidária
e reitera que os recursos naturais da África devem ser administrados localmente, sem
a exploração por parte das multinacionais.
É também premente o auspício de
que a democracia se difunda em toda a África, que sejam garantidas eleições livres,
imparciais e transparentes, que os fiéis leigos vivam a sua vocação também na política,
ao tempo em que se pede aos líderes religiosos que não assumam posição político-partidária.
Em
seguida, o documento provisório volta a sua atenção para a defesa da família, muitas
vezes atingida pela banalização do aborto e pelo desprezo à maternidade. Nesse âmbito,
se pensa na criação de uma Federação pan-africana das famílias católicas.
Fala-se
de tutela também para as mulheres, as crianças, os jovens, os portadores de deficiência,
a fim de que a sua integração na Igreja e na sociedade seja sempre mais favorecida.
Depois,
as Proposições se detêm sobre o problema da Aids, reiterando que essa patologia não
é somente uma questão farmacêutica, mas uma instância de desenvolvimento integral
e de justiça. Em particular, pede-se ajuda pastoral para os casais contagiados; reitera-se
o "não" à infidelidade e à promiscuidade; condena-se quem difunde o vírus HIV como
arma de guerra; pede-se para os doentes africanos os mesmos tratamentos médicos oferecidos
no restante do mundo.
Ademais, é dada atenção à questão da pena de morte, da
qual se auspicia a abolição total; e aos detentos, a fim de que os seus direitos não
sejam violados.
Reserva-se igual atenção aos seminaristas, para os quais se
pede a verificação de suas intenções; e aos sacerdotes, para que sejam imagem viva
e autêntica de Cristo e vivam o compromisso da castidade e da oração.
Por sua
vez, a última Proposição se detém sobre a comunicação: em particular, pede-se que
a Igreja esteja mais presente nos meios de comunicação e que os jornalistas sejam
formados em ética.
Por fim, os Padres sinodais felicitam o Secam (Simpósio
das Conferências Episcopais da África e Madagascar) pelos seus 40 anos de atividades
agradecendo pelo trabalho realizado e fazendo votos de um reforço de sua atuação.
Como
dissemos, a última Proposição pede maior presença da Igreja nos meios de comunicação.
A esse propósito, ouçamos o bispo de Cabina e presidente da Comissão para as Comunicações
Sociais da Conferência Episcopal de Angola, Dom Filomeno do Nascimento Vieira Dias,
que nos fala sobre a presença da Igreja angolana na mídia: (RL)