Cidade do Vaticano, 20 out (RV) - No próximo domingo, dia 25 de outubro, a
Arquidiocese do Rio de Janeiro irá iniciar mais uma etapa da elaboração do seu 11º
Plano de Pastoral e também fará o envio missionário dentro do contexto da “missão
continental”. Isso acontecerá no Santuário Mariano Arquidiocesano de Nossa Senhora
da Penha.
No domingo das missões, o Papa Bento XVI recordou-nos, em sua mensagem
anual, o belíssimo tema: “As nações caminharão à sua luz” (Ap 21, 24). Com relação
a isso, ele nos lembra que “o objetivo da missão da Igreja é iluminar com a luz do
Evangelho todos os povos em seu caminhar na história rumo a Deus, pois Nele encontramos
a sua plena realização”. E também que “devemos sentir o anseio e a paixão de iluminar
todos os povos, com a luz de Cristo, que resplandece no rosto da Igreja, para que
todos se reúnam na única família humana, sob a amável paternidade de Deus”.
No
Brasil, sempre levados e iluminados pelo tema da Campanha da Fraternidade, durante
este mês refletimos sobre “enviados para anunciar a Boa Nova (Lc 4,18)”. É claro que
tanto o dia mundial como o mês missionário são ocasiões para uma redescoberta e, ainda
mais, um reavivamento do nosso espírito missionário. No domingo, dia 11, foi canonizado
um grande missionário destes últimos tempos – o Padre Damião de Molokai – jovem belga,
que vindo como missionário às ilhas do Havaí, se dispõe a viver na ilha com os “leprosos”
que eram banidos do meio social na época. A Igreja tem grandes sinais, ontem e hoje
que nos encorajam e enchem o nosso coração de fervor missionário.
São Paulo,
grande apóstolo e propagador do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, diz a si mesmo
algo que se aplica a todo batizado: ai de mim se não evangelizar! Com efeito, a
urgência em divulgar as mensagens de Cristo a todo tempo e em qualquer lugar é uma
obrigação de todo batizado, necessidade hoje mais do que imperativa no mundo em que
vivemos, marcado pelo neo-paganismo, pelo hedonismo, subjetivismos e pelo individualismo.
A
razão última da missão de evangelizar nasce da vontade de Deus Pai, expressa por Jesus
Cristo, que quer que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.
Assim, o cristão, seduzido pelos ensinamentos de Jesus Cristo, não pode deixar de
testemunhá-Lo onde quer que esteja, isto é, na sua casa, no seu trabalho, no seu convívio
social. É o que nos recorda o documento de Aparecida: quem é verdadeiramente discípulo,
é também missionário, e vive em estado de missão permanente!
Com efeito, o
próprio Cristo, caminho, verdade e vida, determina aos apóstolos o que se aplica a
todos nós: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Nova a toda humanidade. Quem acreditar
e for batizado será salvo. Quem não acreditar, será condenado” (MC 16, 15-16). Mas
que Boa Nova é essa? A Boa Nova, que todo cristão deve anunciar a todos, a começar
em sua própria casa, é que Deus, nosso Criador, é Pai de todos, todos somos irmãos
e que somos chamados a amar-nos e amarmos aos outros, como seu Filho Jesus Cristo
nos amou, entregando-se à morte, e morte de cruz, em favor de cada um de nós. Como
necessitamos construir fraternidade, viver o perdão a cada dia e sermos sinais concretos
dessas realidades!
Num mundo marcado pelo egoísmo, onde cada um somente busca
o seu próprio bem, esquecendo-se dos demais, Cristo Jesus traz para nós outra maneira
de pensar e viver, que é o amor ao nosso irmão, da mesma maneira que nos amamos a
nós mesmos.
São Paulo, na segunda Carta a Timóteo, faz-lhe um apelo dramático,
o qual, também é dirigido na pessoa desse seu discípulo, a todos nós: “Rogo a você,
diante de Deus e de Jesus Cristo, que há de vir para julgar os vivos e os mortos pela
sua manifestação de seu Reino: proclame a Palavra, insista no tempo oportuno e inoportuno,
advertindo, reprovando e aconselhando com toda paciência e doutrina”. (2Tm, 4, 1-2).
Então, o julgamento de todo homem se dará pelo seu empenho ou não na manifestação
das verdades evangélicas, oportuna ou inoportunamente, isto é, a todo tempo, em qualquer
circunstância de nossa vida. Muitas vezes somos demais racionalistas e transformamos
as verdades evangélicas em teorias, e nosso querido Deus e Pai, numa divindade distante.
Deus, todavia, necessita de homens e mulheres que sejam testemunhas de que
Ele está ao nosso lado, e age sempre através das pessoas que creem Nele e fazem de
sua vida o testemunho vivo de que Ele olha por nós. Eis o testemunho da Madre Tereza
de Calcutá: “Deus se identificou com os famintos, os doentes, os nus, os sem-teto.
A fome não é somente fome de comida, mas também de amor, de cuidado, de significar
algo para alguém. A nudez não é só falta de roupa, mas necessidade daquela compaixão
que tão poucos demonstram em relação aos desconhecidos. A falta de teto não é só falta
de um abrigo feito de pedras, mas não ter alguém para poder considerar como seu.”
Isso nos recorda que toda missão nos compromete com o homem todo e todas as suas necessidades.
O Padre Damião de Molokai, recentemente canonizado, além de doar a sua vida na ilha
dos hansenianos, lutou por eles – por mais dignidade, por remédios e tratamentos dignos!
A caridade social na Igreja decorre de uma vida de santidade e de verdadeira busca
de Deus!
Assim, queridos irmãos e irmãs, hoje também necessitamos de fazer
a nossa parte para que o Cristo seja anunciado pelo nosso testemunho e pelas nossas
palavras, e dizer a todos que vale muito a pena lutar para que Ele seja conhecido
e amado.