2009-10-19 14:21:51

Quando a Igreja recorda as raízes cristãs da Europa, quer, “fazer obra de memória histórica”, para que se não esqueça “a inspiração decididamente cristã dos Pais fundadores”. Bento XVI ao Representante permanente da União Europeia


(19/10/2009) A “inspiração decididamente cristã dos Pais fundadores da União europeia” foi recordada pelo Papa ao receber nesta segunda-feira de manhã o Representante (permanente) junto da Santa Sé da Comissão das Comunidades Europeias, o Embaixador Yves Gazzo.
Bento XVI assegurou que “a Santa Sé segue com grande respeito e atenção a actividade das Instituições europeias”, no desejo e na esperança de que honrem a Europa que, “mais do que um continente, é uma casa espiritual”.

“A Igreja deseja acompanhar a construção da União europeia. É por isso que se permite recordar-lhe quais são os valores fundadores e constitutivos da sociedade europeia para que possam ser promovidos para o bem de todos”.

O Papa sublinhou que “foram estes valores partilhados que fizeram nascer a União europeia e que têm sido como que a força de gravitação que atraiu para o núcleo dos Países fundadores as diversas Nações que se lhes foram agregando no decorrer do tempo”. Estes valores – observou ainda – são “o fruto de uma longa e sinuosa história na qual – ninguém o negará – o Cristianismo desempenhou um papel de relevo”. Bento XVI elencou mesmo estes valores fundamentais, em última análise cristãos, de “civilização europeia”:

“A igual dignidade de todos os seres humanos, a liberdade do acto de fé como raiz de todas as liberdades cívicas, a paz como elemento decisivo do bem comum, o desenvolvimento humano – intelectual, social e económico – como vocação divina e o sentido da História que daí deriva são outros tantos elementos centrais da Revelação cristã que continuam a modelar a civilização europeia.

Bento XVI fez questão de esclarecer que “quando a Igreja recorda as raízes cristãs da Europa, não busca um estatuto privilegiado para si mesma”. Quer, isso sim, “fazer obra de memória histórica”, para que se não esqueça “a inspiração decididamente cristã dos Pais fundadores”.

“Estes valores comuns não constituem um agregado anárquico ou aleatório, mas formam um conjunto coerente que se ordena e articula, historicamente, a partir de uma visão antropológica precisa”.

Estes valores – advertiu – correm o risco de serem instrumentalizados por indivíduos e grupos de pressão ao serviço de interesses particulares, sem a preocupação do bem comum. É “importante que a Europa não deixe desagregar-se o seu modelo” de civilização, “abafado pelo individualismo e pelo utilitarismo”.

Para continuarem a dar fruto - observou o Papa, “os imensos recursos intelectuais, culturais, económicos do continente” devem permanecer “fecundados pela visão transcendente da pessoa humana, o mais precioso tesouro da herança europeia”.

“É esta tradição humanista em que se reconhecem muitas famílias de pensamento, por vezes bem diferentes entre si, que torna a Europa capaz de enfrentar os desafios de amanhã, respondendo às expectativas da população.
Trata-se principalmente de procurar o justo e delicado equilíbrio entre a eficácia económica e as exigências sociais, a salvaguarda do meio ambiente e o sobretudo o indispensável e necessário apoio à vida humana desde a concepção até à morte natural e à família fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher”.








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