Intervenção de Dom Jean ZERBO, Arcebispo de Bamako (MÁLI)
S. E. R. Dom Jean ZERBO, Arcebispo de Bamako (MÁLI)
Intervenção entregue por
escrito mas não lida na Aula.
Nas nossas relações com as autoridades
políticas, nas deveríamos agir de maneira diferente. As relações inter-pessoais permitem
corrigir as injustiças mais do que as declarações espalhafatosas. Foi o que fizeram
os nossos mais velhos Bispos do Mali e especialmente Dom Luc Sangaré. Segundo o profeta
Natã e sobretudo inspirando-se nos conselhos e exemplos de Jesus, ele não hesitou
em pedir audiências pessoalmente aos responsáveis políticos de todos os níveis. Alguns
receberam-no, outros preferiram ir ter com ele. Graças a esses encontros feitos no
respeito recíproco e no amor pela verdade, preparado na oração e na meditação, ele
conseguiu que inimigos e adversários políticos se falassem, se apertassem as mãos.
É segundo o seu exemplo, que nós nos esforçamos por caminhar de forma a que a nossa
Igreja seja serva fiel e sentinela de justiça, de reconciliação e de paz.
Trata-se
de um apelo a interrogar-nos, de maneira especial neste ano sacerdotal, sobre a maneira
como são tratados os bispos, os padres, os religiosos, as religiosas e os catequistas,
idosos, doentes, reformados. Estão numa condição que lhes permita viver de verdade
a promessa de Jesus: de ter nesta terra pais, mães, irmãos, irmãs, filhos - quer dizer,
viver rodeados pelo amor grato das pessoas pelas quais eles aceitaram deixar tudo
para seguir Jesus? Eu gostaria de convidar este Sínodo a chamar a atenção dos Institutos
missionários sobre a maneira de tratar os seus membros quando eles chegam à idade
de se aposentar. O regresso à terra nem sempre é aceito por todos. De facto, se alguns
exprimem claramente a sua vontade de regressar ao país natal e viver ali reformados,
outros, pelo contrário, vivem esse regresso com um terrível sofrimento. A obediência
obriga alguns, mas um sofrimento interior vivido no silêncio se percebe nas casas
de repouso de forma muito comovente.