2009-10-15 17:14:20

Intervenção da Sra. Axelle FISCHER, Secretario Geral da Commissão Justiça e Paz, Bruxelas, Auditora


Sra. Axelle FISCHER, Secretario Geral da Commissão Justiça e Paz, Bruxelas (BÉLGICA)



O perdão é um dom. Dá-se e recebe-se no nível mais alto da liberdade.

O que nós podemos e devemos fazer, é ajudar a criar as condições que favorecem esse perdão.

A paz é o desejo de Deus, o outro nome dela é Jesus. Então, nós pomo-nos a questão: como ligar a paz anunciada na fé com a realidade dilacerante do nosso mundo?

A Justiça é complexa, tem várias caras. A justiça é transitória e acciona processos para acabar com o conflito e levar à reconciliação, seguindo mecanismo às vezes não judiciários, outras vezes judiciários. Mas a justiça também pode ser punitiva, a nível nacional antes que mais, e depois, se não é suficiente, também a nível internacional, através da Corte Penal Internacional ou tribunais penais internacionais. A justiça pode também ser restauradora, com o objectivo de reparar os prejuízos causados. Por fim, a justiça também pode ser feita segundo rituais tradicionais.

Estes vários aspectos da justiça são complementares e nada impede que um país aprenda o que de bom foi feito noutra parte do mundo. Mas a via da reconciliação poderá ser empreendida só se todas as populações receberem uma formação cívica e uma consciência política, que os actores políticos deverão ter em conta. Isto é válido para África, mas também para os chamados países «desenvolvidos».

As violências sexuais, já por si atrozes, ainda o são mais se usadas como armas de guerra: semeiam voluntariamente o terror nas comunidades e destabilizam a sociedade. Muitas mulheres padecem estas violências. Ainda vivas, elas seguem em frente pelos seus filhos e pelas suas famílias. Sei que algumas cultivam o campo à noite, correndo risco de vida, para que a comunidade possa continuar a ter o que comer.

Ser vítimas não é o papel das mulheres. Elas são agentes de justiça, de paz e de reconciliação. Reconhecê-lo significa dar dignidade a todas as mulheres e a todos os homens, a todos na Igreja e na sociedade, trabalhando juntos para que a paz seja o fruto da justiça.








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