2009-10-14 14:15:35

Intervenção de Dom Matthias N'GARTÉRI MAYADI, Arcebispo de N'Djaména (CHADE)


S. E. R. Dom Matthias N'GARTÉRI MAYADI, Arcebispo de N'Djaména (CHADE)



A guerra civil iniciou no Chade, em 1965, sob o regime do primeiro presidente que era cristão protestante originário do sul, François Tombalbaye. De 1979 até hoje a ruptura entre norte e sul se realizou sob os dois regimes sucessivos de Hissein Habré e Idriss Deby Itno, muçulmanos e originários do norte.

Há mais de 40 anos que se fizeram várias tentativas de reconciliação que nunca se concluíram e que não podem ser concluídos.

Do ponto de vista cultural, a maior parte das etnias do norte tradicionalmente guerreiras consideram a reconciliação um ato de fraqueza. O resultado é que nenhuma reconciliação é possível entre os “Goragnes” (a etnia de Hissein) e os “Zaghawa” (a de Idriss Deby Itno).

As sucessivas reconciliações do poder com as diferentes rebeliões se concluíram por meio de dinheiro. O dinheiro se tornou o único meio de reconciliação e a rebelião se tornou um negócio comercial: revolta-se , mas depois se reconcilia para obter dinheiro para a própria família, ou para ter acesso a cargo de responsabilidade no governo e obter mais armas.

A guerra e a miséria da maior parte da população do Chade permanecem para nós as maiores dificuldades e desafios. Além disso, a situação piorou com a chegada dos refugiados sudaneses e centro-africanos que se uniram aos desabrigados do Chade dentro de nosso território. Esperamos muito deste Sínodo e da Igreja universal.

Talvez um acordo entre Chade e Santa Sé ajudaria a reforçar a autoridade da Igreja no Chade em seu compromisso para a reconciliação, a justiça e a paz contra aquilo que o Santo Padre chamou de “vírus”, ou seja, o fundamentalismo religioso que ameaça a saúde da África em geral e também a do Chade em particular.

Em 2008, tivemos um início da jihad que estourou em Kouno, uma cidade do sul da arquidiocese de N’Djamena “a cerca de 150 quilómetros de Sarh”: por memória, tenho que sublinhar que alguns fundamentalistas do Chade foram citados entre os protagonistas da jihad que recentemente se espalhou pelo norte da Nigéria, em setembro de 2009.

Segundo a nossa constituição, o Chade é um estado laico e isto nos ajudou como Igreja a viver e a desempenhar livremente as nossas actividades, mas até quando? Esta laicidade está ameaçada e se o Chade se tornar um regime islâmico, toda a África central sofrerá as consequências.








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