2009-10-13 17:38:42

SÍNODO: MELHORAR A SAÚDE PARA DESENVOLVER O CONTINENTE


Cidade do Vaticano, 13 out (RV) - Os problemas da saúde na África estiveram no centro, esta manhã, dos trabalhos da 13ª Congregação geral do II Sínodo dos Bispos para a África, em andamento no Vaticano sobre os temas da reconciliação, da justiça e da paz.

Em particular, os prelados se detiveram sobre a chaga da Aids e sobre o comércio de medicamentos ilegais que atormentam o continente. Ao mesmo tempo, os Padres sinodais reiteraram a necessidade de se respeitar o valor da vida, colocado a duras provas pelas políticas sobre a saúde reprodutiva.

A vida é sagrada, da concepção até a morte natural, e a Igreja tem a tarefa de intervir em sua defesa. Diante de uma África atormentada por Aids, malária e tuberculose, os Padres sinodais falam claramente:

Pedem um acesso justo e global aos tratamentos médicos, recordam a importância de formar os agentes pastorais sobre questões bioéticas, aprovam o compromisso inter-religioso e ecumênico para afrontar as pandemias.

As páginas da África sobre a saúde dão conta de uma dura realidade: o drama do aborto, da prostituição, da promiscuidade sexual difusa pelo relativismo. E ainda a chaga da venda de medicamentos não aprovados nos país de origem, mas difundidos na África.

As propriedades terapêuticas de tais fármacos muitas vezes não são provadas, mas mesmo assim esses medicamentos são vendidos no continente africano, em fase experimental. As dosagens são perigosas e muitas vezes as suas conseqüências são ignoradas.

Outra denúncia feita na Sala do Sínodo diz respeito aos meninos-soldados, sobretudo em Uganda: 20 ou 30 mil, ninguém sabe com certeza a quantidade desses meninos obrigados à guerra, que se tornam escravos das armas e da exploração sexual, padecem a fome, não recebem educação escolar nem assistência médica.

A defesa deles passa por uma ética consistente que a Igreja deve promulgar considerando o que diz a Bíblia.

Outro cenário particular diz respeito à República do Chade, onde a reconciliação parece possível somente através do dinheiro, tornando-se comerciável.

Nesse contexto, talvez uma concordata entre o país e a Santa Sé – sugere o Sínodo – poderia ajudar a reforçar a autoridade da Igreja local que atua em favor da paz.

No que diz respeito aos jovens, ao invés, as notícias são encorajadoras: a celebração do Dia Nacional da Juventude, na África, tem se tornado cada vez mais comum e os jovens se tornam testemunhas de uma reconciliação que ultrapassa os confins geográficos, as raças e as culturas.

Em seguida, os Padres sinodais detiveram-se sobre o diálogo com o Islã e ressaltaram que ele pode ser alcançado mediante a caridade: de fato, também os muçulmanos acreditam no Deus da caridade.

E no âmbito dessa missão de concretização da caridade torna-se indispensável trabalhar para que a liberdade religiosa seja difundida em todo o mundo muçulmano.

Os Padres sinodais detiveram-se também sobre a exploração minerária dos recursos naturais da África por parte das multinacionais estrangeiras. A Igreja – ressaltaram – não pode ficar em silêncio diante desse fato que fomenta os conflitos interétnicos e a venda de armas.

Foi também chamada a atenção para a questão dos trabalhadores chineses que atuam em toda a África, para os quais o Sínodo pede uma pastoral do migrante a fim de favorecer a sua evangelização.

Por fim, os prelados fizeram um apelo em favor do autofinanciamento das Igrejas particulares na África, de modo a interromper a dependência do Ocidente.

Os trabalhos prosseguem esta tarde com a exposição do relator-geral do Sínodo, o Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, presidente da Associação das Conferências episcopais do Ocidente africano. (RL)







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