SÍNODO: MELHORAR A SAÚDE PARA DESENVOLVER O CONTINENTE
Cidade do Vaticano, 13 out (RV) - Os problemas da saúde na África estiveram
no centro, esta manhã, dos trabalhos da 13ª Congregação geral do II Sínodo dos Bispos
para a África, em andamento no Vaticano sobre os temas da reconciliação, da justiça
e da paz.
Em particular, os prelados se detiveram sobre a chaga da Aids e sobre
o comércio de medicamentos ilegais que atormentam o continente. Ao mesmo tempo, os
Padres sinodais reiteraram a necessidade de se respeitar o valor da vida, colocado
a duras provas pelas políticas sobre a saúde reprodutiva.
A vida é sagrada,
da concepção até a morte natural, e a Igreja tem a tarefa de intervir em sua defesa.
Diante de uma África atormentada por Aids, malária e tuberculose, os Padres sinodais
falam claramente:
Pedem um acesso justo e global aos tratamentos médicos, recordam
a importância de formar os agentes pastorais sobre questões bioéticas, aprovam o compromisso
inter-religioso e ecumênico para afrontar as pandemias.
As páginas da África
sobre a saúde dão conta de uma dura realidade: o drama do aborto, da prostituição,
da promiscuidade sexual difusa pelo relativismo. E ainda a chaga da venda de medicamentos
não aprovados nos país de origem, mas difundidos na África.
As propriedades
terapêuticas de tais fármacos muitas vezes não são provadas, mas mesmo assim esses
medicamentos são vendidos no continente africano, em fase experimental. As dosagens
são perigosas e muitas vezes as suas conseqüências são ignoradas.
Outra denúncia
feita na Sala do Sínodo diz respeito aos meninos-soldados, sobretudo em Uganda: 20
ou 30 mil, ninguém sabe com certeza a quantidade desses meninos obrigados à guerra,
que se tornam escravos das armas e da exploração sexual, padecem a fome, não recebem
educação escolar nem assistência médica.
A defesa deles passa por uma ética
consistente que a Igreja deve promulgar considerando o que diz a Bíblia.
Outro
cenário particular diz respeito à República do Chade, onde a reconciliação parece
possível somente através do dinheiro, tornando-se comerciável.
Nesse contexto,
talvez uma concordata entre o país e a Santa Sé – sugere o Sínodo – poderia ajudar
a reforçar a autoridade da Igreja local que atua em favor da paz.
No que diz
respeito aos jovens, ao invés, as notícias são encorajadoras: a celebração do Dia
Nacional da Juventude, na África, tem se tornado cada vez mais comum e os jovens se
tornam testemunhas de uma reconciliação que ultrapassa os confins geográficos, as
raças e as culturas.
Em seguida, os Padres sinodais detiveram-se sobre o diálogo
com o Islã e ressaltaram que ele pode ser alcançado mediante a caridade: de fato,
também os muçulmanos acreditam no Deus da caridade.
E no âmbito dessa missão
de concretização da caridade torna-se indispensável trabalhar para que a liberdade
religiosa seja difundida em todo o mundo muçulmano.
Os Padres sinodais detiveram-se
também sobre a exploração minerária dos recursos naturais da África por parte das
multinacionais estrangeiras. A Igreja – ressaltaram – não pode ficar em silêncio diante
desse fato que fomenta os conflitos interétnicos e a venda de armas.
Foi também
chamada a atenção para a questão dos trabalhadores chineses que atuam em toda a África,
para os quais o Sínodo pede uma pastoral do migrante a fim de favorecer a sua evangelização.
Por
fim, os prelados fizeram um apelo em favor do autofinanciamento das Igrejas particulares
na África, de modo a interromper a dependência do Ocidente.
Os trabalhos prosseguem
esta tarde com a exposição do relator-geral do Sínodo, o Cardeal Peter Kodwo Appiah
Turkson, presidente da Associação das Conferências episcopais do Ocidente africano.
(RL)