2009-10-13 10:09:15

Intervenção de Dom Jean-Pierre TAFUNGA Arcebispo Coadjutor de Lubumbashi (RDCONGO)


S. E. R. Dom Jean-Pierre TAFUNGA, S.D.B., Arcebispo Coadjutor de Lubumbashi (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)



Na maioria das culturas africanas, o mal é visto como consequência de uma transgressão do que está prescrito, quer que se trate de preceitos divinos - que exigem obediência e submissão de forma incondicionada - quer seja uma lei social estabelecida pelas autoridades que governam ou então os interditos ou as prescrições rituais. Todas as acções que diminuem ou destroem a vida e todos os actos ou atitudes e comportamentos que quebram a unidade, a ordem ou a harmonia das coisas são consideradas males.

Conforme o género do crime cometido, a pessoa implicada é chamada a confessar com toda a franqueza o mal cometido. Essa confissão geralmente é feita à frente do chefe, garante da ordem social ou então à frente de um curandeiro. Em alguns casos, a confissão faz-se à frente da comunidade. O incriminado é chamado a manifestar a sua resoluta decisão de remediar necessariamente a todo mal causado.

A reparação diz respeito à pessoa que cometeu o crime ou, na sua ausência, à família. A reparação faz-se pagando as custas prescritas, os prejuízos e os juros. Conforme as culturas, as custas equivalem a uma quantia de dinheiro prescrita pela tradição segundo a gravidade do crime. Os prejuízos e os juros consistem em oferecer um animal vivo ou um produto da caça.

As pessoas ofendidas podem então conceder o perdão a quem as ofendeu. O processo da reparação acaba assim que a pessoa é perdoada e que a reparação é efectuada.

O ponto mais alto da reparação é o ritual da reconciliação. Com medo do castigo (morte súbita, brutal, imprevista, etc.) que vem directamente de Deus ou de ou de um feiticeiro, o transgressor deve fazer o ritual de reconciliação para cumprir este processo e obter o perdão. Este ritual tem lugar num lugar sagrado, perante a comunidade e o oficiante (mistagogo) que preside a cerimónia.

As fórmulas de confissão, as atitudes de arrependimento, as sevícias corporais, as matérias e os objectos utilizados e o seu simbolismo, assim como os gestos e as fórmulas que o oficiante pronuncia para purificar o penitente diferem conforme as tribos.

A confissão é sempre seguida por conselhos e admonições severas para ajudar a conversão definitiva. Isso é acompanhado por rituais entre os quais podemos assinalar: a cerimónia ritual da bênção e do grande perdão; o pasto festivo e comunitário, símbolo da alegria de ter redescoberto a boa situação precedente o crime e de ter reconciliado os membros duma comunidade; o pagamento dos honorários ao oficiante; o ritual de apaziguamento dos feitiços vingadores ou dos espíritos, quando se é maldito por causa do crime.








All the contents on this site are copyrighted ©.