Homenagem á acção dos missionários, responsabilidade social e gestão racional dos
recursos; crise alimentar, água agricultura, temas da intervenção no Sínodo de Jacques
Diouf director geral da FAO
(13/12/2009) “Desejo prestar homenagem à acção da Igreja em África, ao lado dos pobres.
Os missionários, as religiosas e muitas comunidades desenvolvem um trabalho frequentemente
difícil, ingrato, mas sempre útil, ao lado de organizações inter-governamentais, de
ONGs e da sociedade civil. Desejo saudar estes homens e estas mulheres que eu vi agir
em muitos países com discrição e eficiência”: palavras do senegalês Jacques Diouf,
director-geral da FAO (o organismo da ONU para a Alimentação e a Agricultura), intervindo
nesta segunda-feira, no Sínodo, como Convidado especial.
“Qualquer compromisso
pela justiça e pela paz na África é inseparável da exigência de progresso na realização
do direito à alimentação para todos” – considerou ainda o responsável da FAO, citando
a propósito a mensagem que Bento XVI dirigiu no ano passado à Conferência sobre a
segurança alimentar: “é preciso reafirmar com vigor que a fome e a subalimentação
são inaceitáveis num mundo que dispõe, na realidade, de níveis de produção, recursos
e conhecimentos suficientes para pôr termo a tais dramas e às suas consequências”.
Jacques Diouf sublinhava assim a convergência de pontos de vista da Igreja Católica
e da FAO sobre o problema fundamental que a alimentação constitui para cada ser humano. Citando
também a Encíclica “Caritas in veritate”, o director da FAO recordou o princípio da
"centralidade da pessoa humana". “As grandes forças espirituais e morais (observou)
são, para a nossa acção, um precioso apoio, pois a tarefa de satisfazer o “direito
à alimentação para todos” é de facto gigantesca.
Detendo-se sobre a actual
situação em África, Jacques Diouf convidou a África – “continente martirizado, explorado,
despojado pela escravatura e pela colonialismo” a não se resignar a permanecer esmagado
na recusa negativista. Pelo contrário, considerou, há que aprofundar os conceitos
de “nigritude” e de “africanismo”, baseados ao mesmo tempo no enraizamento local e
na abertura universal. No que diz respeito à crise alimentar, água e agricultura,
Diouf sublinhou que os dados actuais são piores do que os de 1996, quando a Cimeira
Mundial da Alimentação se empenhou em reduzir em 50 % a fome e a desnutrição no mundo.
Em todo o caso, o director-geral da FAO declarou-se “estruturalmente optimista”: é
possível a visão de um mundo sem fome, se existir vontade política ao mais alto nível.
No caso da África, porém – advertiu – “será impossível vencer a fome e a pobreza sem
aumentar a produtividade agrícola”.
A concluir, Jacques Diouf destacou “a
convergência dos ensinamentos religiosos, em especial da Igreja Católica e do Islão,
sobre a necessidade de vigiar na gestão racional dos recursos com base numa estratégia
de acção que respeite as pessoas e os bens deste mundo, sem excessos nem desperdícios”.
Ensinamentos que sublinham a responsabilidade social e a solicitude para com os mais
necessitados. “A Doutrina Social da Igreja é, deste ponto de vista, um contributo
essencial”.