Golpes de estado silenciosos em África: no Sínodo, referida a situação em 4 países
da África Austral
(12/10/2009) Na África estão a aumentar os golpes de estado silenciosos realizados
pelas ditaduras dos partidos. Esta denuncia foi feita na aula do sínodo nesta segunda
feira durante os trabalhos da II assembleia especial para a África do sínodo dos bispos. É
verdade que desde a última sessão do Sínodo para a África de 1994 se verificaram alguns
golpes de estado, mas o monstro que usurpa poder contrário à democracia, de facto
ainda não desapareceu, mas mudou de aspecto e modus operandi, explicou o card. Wilfrid
Fox Napier, arcebispo de Durban na África do Sul. Pode ser que já não existam
líderes individuais que tomam o poder absoluto e se proclamem “presidentes para a
vida inteira”. Mas vemos sempre mais partidos políticos tomarem o seu lugar. E
para citar um exemplo, recordou que 4 países da África Austral, Botswana, Angola,
Zimbabwe e Moçambique, desde a libertação foram governados, ou podemos dizer, dominados
pelo mesmo partido.
Naturalmente – salientou o arcebispo de Durban - não
existe nada de errado nisto, se o eleitorado lhes confere o mandato livremente. Porém
– acrescentou - alguns sinais indicam, que não é este o quadro. - Quando um partido
assume todo o mérito de ter obtido a libertação; - Quando afirma ser o único a
saber aquilo que as pessoas desejam ou de que necessitam, mesmo se rejeita perguntá-lo
ou eles de ouvi-lo; - quando obriga com a legislação e impõem políticas que estão
claramente contra a vontade manifestada pelas pessoas; - quando afirma que quem
pensa diferentemente é ipso facto um contra-revolucionário ou um racista que se opõe
às reformas; então alguma coisa caminha realmente mal. O golpe de estado está
certamente em andamento quando um partido decide ouvir os próprios aliados ideológicos,
ao invés dos pobres e necessitados que representam a maioria de seus eleitores. É
certamente necessário rezar e trabalhar por um milagre que leve a uma libertação autêntica
e sustentável, não dos colonizadores, mas desta vez da ditadura de todos os fortes
partidos que tomaram o poder com um falso golpe de estado! – concluiu o arcebispos
de Durban o Card. Wilfrid Napier