Darfur no Sínodo dos Bispos para a África : “Situação melhorou mas milhões estão ainda
deslocados»
(9/10/2009) Nos últimos dois anos, a situação no Darfur melhorou, mas permanece grave.
Rodolphe Adada que já foi representante especial das Nações Unidas (ONU) e da União
Africana (UA) na região sudanesa, foi um dos convidados especiais do Sínodo africano. Segundo
Adada, regista-se no Darfur um progressivo melhoramento da situação da segurança e
uma mudança radical em relação ao intenso período de 2003-2004, mas ainda “milhões
de pessoas encontram-se nos campos para desalojados ou são refugiados. Por causa da
insegurança, não podem voltar para casa e retomar a sua vida normal”. Adada lamenta
que ainda não tenha sido encontrada nenhuma solução para as graves injustiças e os
crimes cometidos, sobretudo no ponto mais alto das hostilidades, em 2003-2004. Depois
de 26 meses passados no Darfur como responsável pela Missão das Nações Unidas e da
União Africana no Darfur - MINUAD, Rodolphe Adada dá conta de um melhoramento, apesar
da persistência de dois graves perigos. “A continuação das operações militares entre
o Movimento Justiça e Igualdade e as forças governamentais de um lado, e o deterioramento
das relações entre o Chade e o Sudão do outro”. A isto se junta a criminalidade
e o banditismo que são actualmente “as principais preocupações em matéria de segurança”. A
MINUAD aposta no restabelecimento das condições de segurança necessárias à distribuição
das ajudas humanitárias, no verificar a aplicação dos diversos acordos para o cessar-fogo,
garantir a protecção da população civil. Adada afirma ser um “extraordinário instrumento
de paz, único no seu género, já que nasceu da ideia de duas organizações, a União
Africana e as Nações Unidas”, mas “cabe à comunidade internacional usá-lo bem”. “A
coisa mais importante é que a cooperação entre os promotores da MINUAD, a União africana
e as Nações Unidas, se mantenha sincera”. Adada recorda que os próximos dois anos
vão ser cruciais para o Darfur. “Estão previstas eleições gerais para o mês de Abril
de 2010 e, em 2011, vai haver o referendo para a auto-determinação do Sul do Sudão.
É necessário que o Sudão participe em eleições justas e transparentes e, para que
o exercício da auto-determinação do Sul decorra em boas condições, deveria-se resolver
o problema do Darfur e o tempo é pouco”. Este responsável pede um acordo “inclusivo”
não apenas entre movimentos armados mas também “o resto dos membros da sociedade do
Darfur, inclusive a sociedade civil, os desabrigados, os refugiados, sem esquecer
os árabes”. “Só um acordo político aceite e partilhado por todos será capaz de
trazer a paz de volta ao Darfur”.