2009-10-10 20:13:31

SÍNODO PARA A ÁFRICA: CONCLUÍDA PRIMEIRA SEMANA DE TRABALHOS


Cidade do Vaticano, 10 out (RV) - Concluiu-se esta manhã, com a décima Congregação geral, a primeira semana de trabalhos do II sínodo dos Bispos para a África, em andamento no Vaticano sobre os temas da reconciliação, da justiça e da paz.

No início desta noite, às 18h locais, os Padres sinodais se deslocaram para a Sala Paulo VI, no Vaticano, onde participam da Oração do Terço "com a África e para a África", conduzida pelo Santo Padre, junto a alunos das universidades romanas.

Jovens de nove países africanos participaram da oração mariana com o papa em conexão via satélite. Os nove países cujos jovens participaram em conexão foram os seguintes: Egito, Quênia, Sudão, Madagascar, África do Sul, Nigéria, República Democrática do Congo, Moçambique e Burquina Faso.

Mas voltemos ao Sínodo propriamente dito. Durante os trabalhos sinodais desta manhã, refletiu-se sobre o papel primário da família como instrumento de paz, sobre a defesa das mulheres e sobre a tutela dos emigrados.

Se educamos um homem, educamos um indivíduo, mas se educamos uma mulher, educamos uma família e, através dela, uma nação inteira. Essa reflexão sintetizou bem a importância que o Sínodo dos Bispos reservou, durante os trabalhos deste sábado, para a defesa da família e das mulheres. Porque é delas que o processo de paz tem início.

De fato, no núcleo familiar, entendido como "Igreja doméstica", se nutrem e se partilham os valores espirituais necessários para a reconciliação. Portanto, não à violência contra as mulheres, não à poligamia, não ao terrível costume de sacrificar o filho primogênito.

Ao invés, sim a uma maior difusão da "Carta dos direitos da família" a fim de que se torne cerne dos debates democráticos; e sim também a uma catequese familiar contínua e a órgãos diocesanos especiais que estejam em constante diálogo com as autoridades civis, a fim de assegurar que as necessidades da família sejam respeitadas.

Em seguida, a Sala do Sínodo voltou sua atenção para a situação dos imigrados africanos presentes em muitos países do Ocidente e fez um apelo a fim de que jamais lhes sejam negados os seus direitos e a assistência, como, ao invés, se verifica constantemente.

Ao mesmo tempo, os Padres sinodais reiteraram: as barreiras políticas não impedirão as migrações clandestinas, mas a efetiva redução da pobreza mediante o desenvolvimento econômico e social da África.

Entre os temas candentes abordados destaca-se o da necessidade de uma reflexão sobre os matrimônios mistos, o convite feito aos fiéis leigos a serem ativos na vida política, sem esquecer os valores cristãos, e o apelo em favor da abolição da pena de morte em toda a África.

Ademais, os Padres sinodais fizeram algumas sugestões: pensar num novo rito de exorcismo, baseado no antigo, para combater a bruxaria muito difundida na África; investir no microcrédito para ajudar os pobres e proteger o ecossistema para conseguir a paz.

Ontem à tarde, por sua vez, os Padres sinodais refletiram sobre o papel dos representantes pontifícios que – ressaltaram – dão voz ao papa na defesa da dignidade da pessoa e de seus direitos fundamentais.

Foram também reiterados com veemência os votos de que seja perdoada a dívida externa da África e de que se consiga a criação de um observatório permanente para a prevenção de conflitos. Ademais, foi sugerido que se pense na criação de uma pastoral nômade para todos os africanos sem habitação fixa.

Mas o ponto alto dos trabalhos da tarde de ontem foi o pronunciamento de Rudolf Adada, ex-chefe da Unamid, a missão de paz na região sudanesa do Darfur, instituída em 2007 constituída pela ONU e pela União Africana.

Na qualidade de enviado especial ao Sínodo e na presença do papa, Adada recordou que com 200 mil militares, 6 mil policiais e igual número de civis, a Unamid é a maior missão de paz do mundo. Mas não basta, porque o conflito na região sudanesa ocidental do Darfur, que se arrasta há seis anos, não vê, no horizonte, um acordo de paz, e essa missão de peacekeeping, na realidade, não dispõe de nenhuma paz a ser mantida.

É certo que, após o período crítico de 2004 – ponderou ele – hoje se pode dizer que o conflito do Darfur é de baixa intensidade, mas somente em termos numéricos, porque ele não acabou. Adda reiterou que é necessário um acordo de paz que seja inclusivo e compreenda toda a sociedade civil. (RL)







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