AGENTES DA CARITAS MARANHÃO SÃO AMEAÇADOS DE MORTE
Brasília, 10 out (RV) - O presidente da Caritas Brasileira, D. Demétrio Valentini,
bispo de Jales, divulgou uma nota manifestando solidariedade aos agentes da Caritas
Maranhão que estão sendo ameaçados de morte em Buriticupu, no sul do Estado.
De
acordo com a Caritas local, essas pessoas estão sendo ameaçadas por seu trabalho de
denúncia de crime ambiental por extração ilegal de madeiras e de uso indevido da máquina
pública no município.
Na nota, Dom Valentini afirma que a denúncia foi encaminhada
aos órgãos competentes e convoca a sociedade a acompanhar a ação do Executivo e Legislativo
na apuração dos fatos.
"O agravante é que esse caso não está isolado e que
a região do Pará e do Maranhão tem sido palco de intermináveis conflitos, crimes ambientais,
corrupção, grilagem e assassinato de defensores dos direitos humanos" – escreve Dom
Valentini. (BF)
Leia abaixo a íntegra da nota: A Cáritas Brasileira vem
a público manifestar seu apoio à ação da Cáritas Brasileira Regional Maranhão, e solidariedade
às pessoas que estão sendo ameaçadas de morte por seu trabalho de denúncia de crime
ambiental por extração ilegal de madeiras, e de uso indevido da máquina pública no
município de Buriticupu, no sul do Estado do Maranhão. Informa que está encaminhando
essas denúncias à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, à Secretaria
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e ao Gabinete do Ministro
da Justiça e, convoca a sociedade e todas as organizações sociais de defesa dos direitos
humanos para acompanhar a ação do Executivo e Legislativo na apuração dos fatos, exigir
a punição dos culpados e garantir a vida das lideranças comunitárias, dos defensores
dos direitos humanos e das testemunhas. No contexto do século XXI, a Cáritas Brasileira,
que se faz presente em todo país, considera a situação daquele município como vergonhoso
e insustentável e, reconhece que se nada for feito ela poderá ter fim trágico. O
agravante é que esse caso não está isolado e que a região do Pará e do Maranhão tem
sido palco de intermináveis conflitos, crimes ambientais, corrupção, grilagem e assassinato
de defensores dos direitos humanos. Segundo estudo da Comissão Pastoral da Terra -
CPT, só no primeiro semestre deste ano ocorreram 366 conflitos envolvendo grileiros,
madeireiros, ribeirinhos e trabalhadores rurais. Ainda segundo o estudo, 12 pessoas
foram assassinadas, 22 receberam ameaças de morte, seis foram torturadas e 90 foram
presas. O estudo indica a redução dos conflitos no primeiro semestre de 2009 comparados
com o mesmo período de 2008. Reconhecemos que a redução dos conflitos, das mortes
e ameaças não foi um evento espontâneo, mas é fruto da ação da sociedade civil organizada
que vem monitorando e denunciando a ação de grilagem de terras e de destruição das
florestas. Neste trabalho de monitoramento tem sido comum encontrar a conivência
ou participação direta de agentes públicos nos crimes. Segundo o Greenpeace, ao falar
dos conflitos em Porto de Moz, madeireiros e autoridades locais grilam terras públicas
e áreas comunitárias, exploram madeira de forma predatória e ilegal, e geram intensos
conflitos com a população local. A Igreja Católica, ao afirmar que a paz é fruto
da justiça, nos aponta o imperativo ético de exigir ação urgente do Estado e da União
naquele município para garantir a integridade física dos integrantes do Fórum de Políticas
Públicas de Buriticupu e os direitos de participação e cidadania e, ao mesmo tempo,
apurar as denúncias e punir os culpados.
D. Demétrio
Valentini Bispo de Jales e Presidente da Cáritas Brasileira