SÍNODO PARA A ÁFRICA: APELO EM FAVOR DA PAZ NA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO
Cidade do Vaticano, 08 out (RV) - Os trabalhos do Sínodo dos Bispos para a
África, em andamento no Vaticano – e que tem como tema central a reconciliação, a
justiça e a paz – prosseguiram esta manhã com a sexta Congregação geral.
Após
a votação para a eleição dos membros da Comissão para a Mensagem, a discussão foi
norteada por alguns temas candentes. Entre os principais, "a teoria do gênero", a
atuação das Comissões Justiça e Paz, e os riscos representados pelos grupos neopentecostais.
Na conclusão da Congregação teve lugar um apelo em favor da paz na República Democrática
do Congo.
Na Sala do Sínodo, a África testemunha as suas dificuldades, mas
também as suas esperanças, as suas relações com o mundo Ocidental. Relações por vezes
difíceis, como no caso do "pensamento único" que quer impor à África aquilo que não
lhe pertence.
Um exemplo disso é, justamente, a "teoria do gênero" que nega
o desígnio de Deus, separando o sexo biológico da identidade masculina ou feminina.
Desse modo – ressaltou-se na Sala do Sínodo – destrói-se o sentido da família e se
busca introduzir leis favoráveis ao aborto e à contracepção.
Foi abordada também,
nas discussões, a situação de violências e desordens políticas dos dias passados,
verificados na Guiné Conacri (República da Guiné). Em seguida, os Padres sinodais
agradeceram a Bento XVI por seu apelo em favor da paz, lançado domingo passado no
Angelus.
Um segundo apelo foi feito ao término da sexta Congregação
geral, quando foi lida a carta assinada por alguns Padres sinodais. No texto expressa-se
solidariedade à República Democrática do Congo, na qual os cristãos sofreram violências
nos últimos dias, e se fez votos de paz para todo o continente africano.
Em
seguida, foi dado espaço para a atuação das Comissões Justiça e Paz, para as quais
foi recomendado o reforço das ligações com as Conferências episcopais, a fim de se
evitar instrumentalizações políticas. A esse propósito, foi sugerida a instituição
de observatórios regionais para a política nacional, de modo que as instituições busquem
sempre o bem comum.
Ademais, os Padres sinodais refletiram sobre o problema
dos grupos neopentecostais, que influenciam tanto os jovens. Por isso – foi ressaltado
– as paróquias devem se tornar um ponto de referência para todos os jovens, de modo
que ninguém se sinta no anonimato, tornando-se presa fácil das seitas.
Em seguida,
foi ressaltado o grande exemplo dos santos, definidos como "verdadeiro tesouro da
Igreja local", capazes de evangelizar, inculturar e reconciliar.
Assim como
pela manhã, também à tarde o pontífice participou da Congregação geral do Sínodo africano.
Já
na tarde de ontem, na Sala do Sínodo, foi abordado o tema da corrupção, reiterando
um "não" nítido contra essa chaga que por vezes envolve também políticos católicos,
demonstrando que se faz necessária uma séria formação acerca da Doutrina social da
Igreja.
Depois, foi a vez de dar espaço às crianças, definidas "artesãs de
paz", porque ensinam aos pais que a violência em família é intolerável.
Além
disso, foi reiterada a importância da comunicação eclesial com os votos de que todas
as estruturas da Igreja disponham de meios de comunicação apropriados, de modo a inculturar
a educação cívica e a favorecer a evangelização.
Por fim, teve lugar uma reflexão
também sobre os Ogm (Organismos geneticamente modificados), reconhecendo que eles
oferecem sim grandes possibilidades de desenvolvimento, mas cuja utilização requer
ainda um estudo detalhado acerca dos impactos sobre o ambiente e sobre a saúde do
homem. (RL)