Há que promover no interior da Igreja uma profunda comunhão, para além das diferenças
tribais e étnicas: recordado na Aula sinodal, nesta quinta de manhã
(8/10/2009) “Urge que a Igreja apele a África a uma consciência purificada, para
trabalhar honestamente para o bem comum!” – sublinhou D. Francisco Chimoio, intervindo
nesta quinta de manhã, no Sínodo para a África, em nome da Conferência Episcopal de
Moçambique. O arcebispo de Maputo considerou que, na sua missão profética, a Igreja
deve insistir em praticar e exortar a actos que consolidem e dignifiquem a paz na
África, nomeadamente “apelando aos governantes políticos e ao povo a privilegiarem
acções concretas”, tais como “a despartidarização efectiva” das forças de segurança,
das instituições judiciárias e dos aparelhos do Estado, e também o “combate efectivo
contra todo o tipo de corrupção, descriminação e opressão, sobretudo no sector público”.
Por
sua vez, D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, considerou
que “Portugal e a Europa devem reinterpretar a aventura missionária assumindo atitudes
novas e comprometidas com a vida dos povos que evangelizaram”, “fornecendo um apoio
concreto às Igrejas locais africanas, através da partilha de bens materiais e de pessoas”.
O arcebispo de Braga advertiu, contudo, que há que evitar a “acepção de pessoas, mesmo
por motivos religiosos”.
Um dos aspectos mais sublinhados nesta congregação
geral foi o número 53 do documento preparatório, que punha de sobreaviso “contra as
divisões étnicas ou tribais, regionais ou nacionais, que se verificam mesmo em certas
comunidades eclesiais”. D. Valentim Nkinda, da República do Congo, por exemplo, fez
notar que a Igreja católica em África impõe-se à admiração e respeito mesmo dos que
lhe são indiferentes precisamente pelo espírito de comunhão, para lá das diferentes
origens dos seus membros. No momento em que em África se advertem fermentos de divisão
por razões étnicas e tribais, este Sínodo – propôs – deve insistir na necessidade
de “que se minimizem as tendências tribalizantes e etnicizantes, cuidando da formação
dos fiéis católicos, dos agentes pastorais, dos padres e religiosos para que todos
se possam impregnar dos espírito subjacente às estruturas de diálogo e de participação
na Igreja”. O prelado congolês sublinhou a necessidade de nas nomeações canónicas,
a todos os níveis, as pessoas sejam escolhidas sem condicionantes de natureza tribal
ou étnica. Idêntica insistência da parte do Padre Emanuel Typamm, Secretário Geral
da Confederação das Conferências dos Superiores Maiores da África e Madagáscar, que
recordou que a reconciliação tem que começar pelo interior das comunidades religiosas
e das dioceses, superando contraposições étnicas. A mesma mensagem na boca do Padre
Damiam Weber, Superior Geral dos Missionários de Marianhill: os religiosos e as comunidades
religiosas precisam de se reconciliar, no seu próprio interior, e uns com os outros.
É preciso fazer a experiência da reconciliação, e testemunhá-la, antes de a pregar
aos outros!
Foi também levantada a questão do “diálogo sistemático” com o
Islão. O arcebispo de Abuja, na Nigéria, considerou que se fizeram progressos na crescente
tomada consciência da pertença comum de cristãos e muçulmanos a uma mesma nação, comunidade
e família. Para D. John Onaiyekan, este Sínodo deve contribuir para que esta atitude
sistemática de diálogo com o Islão possa ganhar raízes em todo o continente africano.