Falta ou insuficiência da inculturação e o aumento dos movimentos evangélicos na intervenção
na Aula do Sínodo dos Bispo de Inhambane D. Adriano Langa
(8/10/2009) É sabido que, desde da Reforma, a Igreja Católica tem estado enfrentando
desafios a vários níveis, face às outras Igrejas e credos. Esses desafios se intensificaram
e multiplicaram ultimamente, com o surgimento e o aumento dos Movimentos Evangélicos.
Nesta situação e nos nossos dias, assiste-se ao êxodo dos católicos para as fileiras
dessas Igrejas e movimentos. É testemunho deste facto o vertiginoso crescimento daqueles
grupos religiosos e o surgimento do tal catolicismo de "estilo e com linguagem estranhos",
fenómeno este que não deve ser visto na linha de ecumenismo mas sim como uma deserção
de rendição de quem se julga em desvantagem. Como é que surge este fenómeno? Podem-se
evocar várias razões. Mas eu quero sublinhar aqui um facto importantíssimo, que está
entre as causas, que é a falta ou a insuficiência da Inculturação, nos seus diversos
aspectos. De facto, marginalizando, desprezando e, até, combatendo as culturas
africanas; subestimando as línguas nativas; centrando a sua evangelização mais nas
crianças e menos nos adultos, até no passado bem recente; proibindo a leitura da Bíblia,
até no passado também não muito distante; Não traduzindo a Bíblia nas línguas locais,
a Igreja Católica ainda não conseguiu dar ao católico africano urna linguagem nem
um estilo próprios. Por isso, o católico africano, diante dos crentes de outros
credos experimenta um complexo de inferioridade e de um alienado. Assim, o católico
africano, querendo fugir do estilo europeu e latino-americano, e querendo sentir-se
realmente cristão católico africano, se inclina para os seus irmãos africanos das
outras denominações e credos e adopta a linguagem e o estilo deles.