Nova York, 07 out (RV) - O Arcebispo Celestino Migliore, núncio apostólico
e observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, interveio ontem na 64ª sessão
da Organização, em Nova York.
Dom Celestino começou seu discurso falando sobre
a crise econômica e seus efeitos humanos, como a insegurança e a incapacidade de muitas
famílias em prover suas necessidades mínimas. Para o núncio, devemos aprender de nossos
erros do passado e renovar o compromisso de cooperar e de sermos ‘globalmente solidários’.
O representante da Santa Sé pediu à ONU que se una aos países mais ricos para
ajudar aqueles que ficaram ainda mais precários, em seu processo de desenvolvimento.
Igualmente, é requerido um maior esforço na construção e na manutenção da paz, alicerces
sobre os quais as Nações Unidas foram criadas.
Neste sentido, a próxima Conferência
de Copenhague sobre mudanças climáticas será um teste de habilidade para a comunidade
internacional, diante de um problema do qual é a causa e sofre as conseqüências. Indivíduos,
companhias e Estados deverão reconhecer a necessidade moral e ética de explorar os
recursos do mundo de um modo sustentável. Ao lado desta responsabilidade, está o dever
dos Estados e corporações internacionais, que usaram e abusaram dos recursos globais,
de assumir a sua quota-parte para resolver o problema.
O arcebispo louvou
o recente consenso das grandes potências nucleares em reduzir arsenais nucleares,
e a intenção comum de vincular a importação, exportação e transferência de armas convencionais,
e relevou o esforço crescente de alguns Estados em tratar esta questão. Em contrapartida,
alertou para a insistência de outros países em continuar a gastar quantias desproporcionais
em armas nucleares, e neste sentido, pediu controles mais efetivos.
Na sequência,
o representante da Santa Sé relevou o envolvimento da sociedade civil ao denunciar
violações de direitos humanos e promover o seu respeito, sendo também solidária ao
levar esperança e assistência a estes povos.
A corrupção generalizada, as
pandemias, a mortalidade materna, a crise, o terrorismo, a insegurança alimentar,
as mudanças climáticas e a migração demonstram que num mundo cada vez mais globalizado,
as soluções regionais são apenas um fator da equação que resulta em paz em justiça.
São problemas globais, que clamam uma resposta internacional, e é imperativo
que a ONU e outras organizações internacionais olhem a seu redor e promovam reformas
que vençam os desafios deste mundo interligado. Neste sentido, Dom Celestino coloca
a sua delegação à disposição para trabalhar juntos, ajudando a criar uma Organização
inspirada no direito, na moralidade e na solidariedade com os que mais precisam. (CM)