2009-10-07 15:16:18

Intervenção de Dom François EID, Bispo do Cairo dos Maronitas (EGITO)


S. E. R. Dom François EID, O.M.M., Bispo do Cairo dos Maronitas (EGITO)



Pronuncio esta intervenção em meu nome pessoal e refiro-me aos nn. 102, 126 e 128, que tratam das relações com as religiões, insistindo acerca da formação dos futuros sacerdotes na África, sobre a necessidade de passar do diálogo entre as culturas para a cultura do diálogo.

Um pensador asiático, Wesley Ari Raja, dizia: «Precisamos não só do conhecimento do outro, mas sobretudo do outro para melhor nos conhecer». Com esta premissa, podemos constatar que a questão do diálogo se põe como problema cultural e espiritual por excelência, dado que está ligado mais à compreensão de nós mesmos que à nossa tomada de posição em relação ao outro.

A história ensina-nos que a fonte do dinamismo que renova as identidades culturais está na sua maior abertura universalista que a leva a abraçar as diversidades e a criar uma osmose contínua que enriquece; o isolamento cultural, ao contrário, conduz à perda da identidade.

O termómetro do bom estado de saúde de um povo ou de uma comunidade está na centralidade do outro no seu programa comunitário. Isto explica a centralidade do amor ao próximo no cristianismo que faz da Igreja uma diaconia ao serviço do homem.

Neste sentido, uma das Cartas dos Patriarcas católicos do Oriente afirmava que «a presença dos outros na nossa vida representa a voz de Deus e a nossa relação com eles é um componente essencial da nossa identidade espiritual: por conseguinte é preciso ir além da convivialidade rumo a uma comunhão fraterna mais responsável».

Conclusão:

1. Na minha opinião, a formação dos futuros sacerdotes africanos para só pertencer ao nosso Senhor Jesus, mestre e modelo, constitui a única alternativa para fazer deles instrumentos de paz e de reconciliação. Portanto, a sua missão já não será considerada lugar de concorrência de interesses pessoais, familiares ou tribais, mas lugar de encontro entre irmãos amados pelo Senhor e chamados para construir juntos, na caridade, o seu Reino de Paz e Justiça.

2. Neste ponto, vejo a urgência de uma formação sacerdotal adequada que coloque antes de qualquer prioridade a passagem do diálogo entre as culturas para a cultura do diálogo. Esta missão fará dos futuros sacerdotes africanos os mensageiros do Evangelho da paz, para uma África nova, onde a solidariedade espiritual e humana induza todos e cada um a levar as dificuldades, os sofrimentos, as esperanças e os desafios do Outro, o nosso irmão, diante de Deus. Assim passamos da marginalização para o acolhimento, da rejeição para a aceitação e da rivalidade para a fraternidade.

A cultura do diálogo ressoa quanto dizia Santo Agostinho: «Et in omnia caritas».








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