A realidade angolana apresentada aos padres sinodais pelo Bispo de Kwito Bié D. José
Nambi
(7/10/2009) A cultura democrática vai dando passos, embora timidamente. Em Angola
ainda não se realizam eleições com aquela periodicidade desejável. Há políticos desejosos
de uma verdadeira mudança da situação, mas outros resistem, são insensíveis e procuram
apenas os próprios interesses. Os ventos de democracia fazem-se sentir mais na capital
do que noutros pontos do país e com poucos meios de comunicação social. Verifica-se
a falta de uma verdadeira educação cívica dos cidadãos o que favorece a manipulação.
Tudo isto aliado ao analfabetismo no meio rural torna a situação muito precária. A
consciência crítica das pessoas é fraca. Para alguns tudo o que é dito pelos meios
de comunicação social é visto como verdadeiro. Deste modo pensa-se que é urgente que
se promova a educação cívica dos cidadãos e se fortaleça a consciência crítica dos
mesmos. Isto significa também promover a defesa da liberdade de expressão e de opinião
como apanágios da democracia e lugares de desenvolvimento. Os leigos que militam nas
diversas instituições civis, nos partidos políticos, no Parlamento, são chamados a
dar um verdadeiro testemunho da reconciliação, da justiça e da paz. Por isso, consideramos
fundamental continuar a apostar na formação dos mesmos a todos os níveis. O continente
africano é considerado rico, mas os seus povos continuam pobres. Algo de positivo
está sendo feito para reduzir a pobreza. Em Angola nota-se um grande esforço para
se sair da pobreza. Foram concebidos grandes e pequenos projectos para o efeito. Todavia,
a diferença entre ricos e pobres continua enorme. A acumulação de riq uezas nas
mãos de poucas pessoas é gritante, o que gera e pode gerar sempre conflitos. A população
dos meios rurais está a ser atraída pela vida das cidades o que traz consigo vários
problemas sociais. A imigração a partir de países vizinhos está agudizar-se e traz
consigo várias consequências sociais. Existe a questão das terras ocupadas em prejuízo
dos pequenos camponeses, o que tem gerado conflitos.