Manaus, 06 out (RV) - Os bispos, padres e leigos que participaram do 3º Encontro
Regional sobre a Amazônia, em Manaus (AM), aprovaram na manhã deste domingo, 4, uma
declaração em que reafirmam o compromisso da Igreja da América Latina com a Amazônia.
“Queremos manifestar nossa preocupação pelas múltiplas ameaças que cercam a Amazônia”
- diz um dos trechos da Declaração.
Reafirmando a Amazônia como “dom de Deus”,
caracterizado pela diversidade de climas, biomas, rios, recursos naturais e povos
com suas variadas culturas, a Declaração afirma que é necessário rechaçar “crenças
equivocadas” acerca da Amazônia. Citam como exemplo as afirmações sobre a Amazônica
como uma “homogeneidade de ecossistemas e de povos; a última fronteira da humanidade
que deve ser ocupada ou o pulmão verde do mundo”. Igualmente rechaça os que consideram
os povos autóctones como “um freio ao desenvolvimento”.
A Declaração condena
também os modelos desenvolvimentistas que respondem à “racionalidade mercantilista
de maximização da ganância, muitas vezes em prejuízo às pessoas, ao direito dos povos
e do ambiente”. Lembra tanto os que destroem a natureza quanto os que a querem manter
de pé numa visão estritamente capitalista e mercadológica.
Outro aspecto para
o qual a Declaração chama a atenção é a urbanização que já levou mais de 70% das populações
amazônicas para as cidades. Segundo o documento, isto “deteriora não só a qualidade
das águas dos rios e a preservação da selva, como também as condições de vida das
pessoas, principalmente, as que vivem nas periferias mais pobres das cidades, perdendo
sua memória e tradições históricas”.
Os projetos dos governos latino-americanos
para a Pan-Amazônia receberam críticas dos participantes do encontro. Segundo afirmam,
com os projetos, os Governos “violam os direitos de territorialidade dos povos indígenas,
assim como o direito dos povos à água doce, à educação, saúde e trabalho, expressamente
contidos em leis regulatórias viventes e nos tratados internacionais sobre os direitos
humanos a que nossos países têm aderido”.
A Declaração defende o direito dos
povos da Amazônia à evangelização. “É imprescindível acompanhar os povos indígenas
na vivencia e expressão da fé e no seu processo de ser protagonistas da evangelização
e da transformação da sociedade a partir de sua história e de seus valores culturais.
A serviço deles estão as instituições da Igreja tais como o Celam, as Conferências
Episcopais e as pastorais diocesanas”.
O encontro começou dia 1º e reuniu 30
bispos, 16 padres, 4 religiosas e 16 leigos de 14 países (Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, França, Honduras, México, Peru, Suriname, Uruguai,
Venezuela).
Foi é a terceira vez que se realizou em Manaus. O último foi no
ano de 2004. (CNBB) (CM)