Intervenção de Dom Fidèle AGBATCHI, Arcebispo de Parakou (BENIN)
S. E. R. Dom Fidèle AGBATCHI, Arcebispo de Parakou (BENIN)
Nota-se claramente
que a presente Assembleia consiste em uma feliz réplica da de 1994. Se aquela tinha
sido concluída pela Exortação pós-sinodal Ecclesia in Africa, esta agora exprime o
mesmo tema: A Igreja na África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz. Esta
formulação, por mais positiva que seja, não chega a dissimular as discórdias familiares,
as tensões interétnicas de raiz histórica, as guerras e a corrupção em larga escala
que prejudicam o Continente. Continuando tudo o que de bom tem sido feito a favor
deste continente, fazemos votos para que os Padres sinodais, para além dos aspectos
práticos abundantemente sublinhados no Instrumen¬tum Laboris, vejam também como fundamentar
exegeticamente e teologicamente a reconcilia¬ção, a justiça e a paz sobre o único
Deus Trindade e sobre a sua obra ao longo da Revelação, desde o Antigo Testamento
até ao dia do Filho do Homem. Uma tal acção dos Padres sinodais vai ajudar a África
a assumir a sua responsabilidade histórica perante o Evangelho que ela recebeu e ao
qual ela tem o dever de se dar, situando-se resolutamente na dinâmica da sua metanoia.
Esta responsabilidade vai conduzi-la a libertar-se do medo. De facto, a África
tem medo e vive de medo. Guardando ciosamente para si própria as conclusões das suas
descobertas sobre o mundo e sobre a natureza, ela deixa-se evidentemente levar pela
desconfiança, pela suspeita, pela atitude de auto-defesa, pela agressão, pelo charlatanismo,
pela adivinhação, o ocultismo e o sincretismo, tudo coisas que contribuem para obnubilar
a busca do verdadeiro Deus por entre as coisas milenárias. Quantas esperanças portanto
confiadas neste continente, mãe de todos, claridade mais radiosa ainda do que a luz
de Cristo morto e ressuscitado! Eu desejo a este Sínodo um futuro pascal e, depois
de tantos sofrimentos, a ressurreição da África!