2009-10-05 15:47:32

Relatório do Secretário Geral do Sínodo sobre a evolução da situação social e eclesial em África nos últimos 15 anos


(5/10/2009) Depois da recitação da hora tertia tiveram inicio os trabalhos propriamente ditos do sínodo com um relatório apresentado pelo Secretario Geral D. Nicola Eterovic.
Este amplo relatório teve como objectivo fazer o ponto sobre a realização desta assembleia sinodal para a África, em continuidade com a anterior, de 1994, fornecer alguns dados gerais sobre a evolução da situação social e eclesial em África nestes quinze anos, e também recordar aos Padres sinodais algumas questões práticas no que diz respeito ao funcionamento do Sínodo e à intervenção de cada um na assembleia.

D. Nicolau Eterovic começou por situar o encontro que agora tem início no Vaticano em ligação com a celebração eucarística que teve lugar a 19 de Março passado, em Iaundé, capital da República dos Camarões, quando Bento XVI abriu idealmente os trabalhos desta II Assembleia especial para a África do Sínodo dos Bispos. Evocada a oração nessa altura pronunciada pelo Papa pedindo a Deus “que as reflexões da Assembleia sinodal contribuam para o crescimento da esperança para os povos africanos e para todo o continente e ajudem a infundir em cada Igreja local na África "um novo impulso evangélico e missionário ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz, segundo o programa formulado pelo Senhor: ‘Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo’.” “Que a alegria da Igreja na África em celebrar este Sínodo seja também a alegria da Igreja Universal!” – eram os votos então expressos por Bento XVI.

O Secretário Geral do Sínodo saudou os 244 Padres Sinodais, de modo particular os 197 provenientes dos países africanos. Recordados também os 29 Peritos e os 49 Auditores, assim como os Delegados Fraternos, representando seis Igrejas e comunidades eclesiais.

Uma agradecimento especial foi reservado a Bento XVI, “sobretudo pelo iluminado magistério” expresso durante a referida viagem apostólica de Março passado, que, embora limitada aos Camarões e a Angola, na verdade “abrangeu toda a África”. Esta deslocação papal – sublinhou – “reforçou os vínculos de unidade na fé, na esperança e na caridade, que caracterizam as relações entre o Bispo de Roma e os seus irmãos no episcopado, chefes das Igrejas particulares da África, como também entre eles e os fiéis confiados aos seus cuidados pastorais, com referência ideal a todos os homens de boa vontade do grande continente africano”.
Aludindo ao magistério desenvolvido em diversas ocasiões naquela viagem do Papa ao continente africano, acrescentou D. Nicola Eterovic: Também hoje “a mensagem salvífica do Evangelho precisa de ser proclamada com força e clareza, para que a luz de Cristo possa resplandecer na escuridão da vida das pessoas”. A luz do Evangelho dissipa as trevas do pecado também na África onde homens e mulheres estão dispostos a deixarem-se transformar pelo Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo, ansiosos por ouvir uma palavra de perdão e de esperança. “Diante da dor ou da violência, da pobreza ou da fome, da corrupção ou do abuso de poder, um cristão não pode permanecer em silêncio”. Tais males envolvem todos os habitantes da África que “imploram juntos reconciliação, justiça e paz, e isto é o que a Igreja lhes oferece. Não novas formas de opressão económica ou política, mas a liberdade gloriosa dos filhos de Deus.

Esclarecendo os passos que conduziram à realização desta II Assembleia sinodal para a África, o Secretário Geral do Sínodo recordou que já em Junho de 2004, João Paulo II, ao receber o Conselho Especial para a África, do Sínodo dos Bispos, se interrogava se “não teria chegado o momento, como solicitam numerosos Pastores da África, de aprofundar esta experiência sinodal africana”. E acrescentava então o Papa Wojtyla: “O excepcional crescimento da Igreja na África, a rápida mudança de pastores, os novos desafios que o continente deve enfrentar exigem respostas que somente a continuação do esforço pedido na elaboração da Exortação “Ecclesia in Africa” poderia oferecer, dando assim renovado vigor e reforçada esperança a este continente em dificuldade”.
Estava praticamente tomada a decisão de convocar a II assembleia sinodal para a África que agora se realiza. Meses depois, em Novembro de 2004, dirigindo-se aos participantes num Simpósio dos Bispos da África e da Europa, João Paulo II dava o anúncio oficial: “Acolhendo os votos do Conselho pós-sinodal, intérprete do desejo dos Pastores africanos (declarou), aproveito a ocasião para anunciar a minha intenção de convocar uma segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos”.
Finalmente, em Fevereiro de 2005, praticamente a um mês da sua morte, o falecido pontífice referia-se de novo a esta II Assembleia de Bispos para a África numa carta dirigida ao Secretário Geral do Sínodo:
“Fazendo seu o dinamismo surgido da primeira experiência sinodal africana, esta nova Assembleia procurará aprofundar e prolongá-la… considerando as novas circunstâncias eclesiais e sociais do continente. Terá como tarefa ajudar as Igrejas locais e os seus Pastores e ajudá-los nos seus projectos pastorais, preparando assim o futuro da Igreja no continente africano, que vive situações difíceis, tanto no plano político, económico e social como no que concerne a paz”
O Papa João Paulo II ressaltava também algumas dificuldades com que se debate o continente: conflitos armados, pobreza persistente, doenças com consequências devastadoras, a começar pelo drama da SIDA, a corrupção e o difundido sentido de insegurança em várias regiões. Juntamente com todos os homens de boa vontade (escrevia o Papa), os fiéis católicos devem trabalhar para construir uma sociedade próspera e estável, assegurando às novas gerações um futuro digno. “Possa a futura Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a África favorecer o crescimento da fé em Cristo Salvador e a uma autêntica reconciliação!” – concluía João Paulo II.
Dois meses depois da sua eleição pontifícia, Bento XVI pronunciou-se a favor da convocação desta II assembleia sinodal para a África, dando ele próprio o anúncio na audiência geral de 22 de Junho: “Tenho grande confiança em que tal Assembleia dê um maior impulso ao continente africano na evangelização, no fortalecimento e no crescimento da Igreja e na promoção da reconciliação e da paz” – afirmou o novo Papa. A proclamação oficial desta Assembleia sinodal teve lugar dois anos depois, a 28 de Junho de 2007, vigília da solenidade de São Pedro e São Paulo, sendo então indicado o tema e a data.










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