Relatório do Secretário Geral do Sínodo sobre a evolução da situação social e eclesial
em África nos últimos 15 anos
(5/10/2009) Depois da recitação da hora tertia tiveram inicio os trabalhos propriamente
ditos do sínodo com um relatório apresentado pelo Secretario Geral D. Nicola Eterovic. Este
amplo relatório teve como objectivo fazer o ponto sobre a realização desta
assembleia sinodal para a África, em continuidade com a anterior, de 1994, fornecer
alguns dados gerais sobre a evolução da situação social e eclesial em África nestes
quinze anos, e também recordar aos Padres sinodais algumas questões práticas no que
diz respeito ao funcionamento do Sínodo e à intervenção de cada um na assembleia.
D. Nicolau Eterovic começou por situar o encontro que agora tem início no
Vaticano em ligação com a celebração eucarística que teve lugar a 19 de Março passado,
em Iaundé, capital da República dos Camarões, quando Bento XVI abriu idealmente os
trabalhos desta II Assembleia especial para a África do Sínodo dos Bispos. Evocada
a oração nessa altura pronunciada pelo Papa pedindo a Deus “que as reflexões da Assembleia
sinodal contribuam para o crescimento da esperança para os povos africanos e para
todo o continente e ajudem a infundir em cada Igreja local na África "um novo impulso
evangélico e missionário ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz, segundo
o programa formulado pelo Senhor: ‘Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo’.”
“Que a alegria da Igreja na África em celebrar este Sínodo seja também a alegria da
Igreja Universal!” – eram os votos então expressos por Bento XVI.
O Secretário
Geral do Sínodo saudou os 244 Padres Sinodais, de modo particular os 197 provenientes
dos países africanos. Recordados também os 29 Peritos e os 49 Auditores, assim como
os Delegados Fraternos, representando seis Igrejas e comunidades eclesiais.
Uma
agradecimento especial foi reservado a Bento XVI, “sobretudo pelo iluminado magistério”
expresso durante a referida viagem apostólica de Março passado, que, embora limitada
aos Camarões e a Angola, na verdade “abrangeu toda a África”. Esta deslocação papal
– sublinhou – “reforçou os vínculos de unidade na fé, na esperança e na caridade,
que caracterizam as relações entre o Bispo de Roma e os seus irmãos no episcopado,
chefes das Igrejas particulares da África, como também entre eles e os fiéis confiados
aos seus cuidados pastorais, com referência ideal a todos os homens de boa vontade
do grande continente africano”. Aludindo ao magistério desenvolvido em diversas
ocasiões naquela viagem do Papa ao continente africano, acrescentou D. Nicola Eterovic:
Também hoje “a mensagem salvífica do Evangelho precisa de ser proclamada com força
e clareza, para que a luz de Cristo possa resplandecer na escuridão da vida das pessoas”.
A luz do Evangelho dissipa as trevas do pecado também na África onde homens e mulheres
estão dispostos a deixarem-se transformar pelo Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito
Santo, ansiosos por ouvir uma palavra de perdão e de esperança. “Diante da dor ou
da violência, da pobreza ou da fome, da corrupção ou do abuso de poder, um cristão
não pode permanecer em silêncio”. Tais males envolvem todos os habitantes da África
que “imploram juntos reconciliação, justiça e paz, e isto é o que a Igreja lhes oferece.
Não novas formas de opressão económica ou política, mas a liberdade gloriosa dos filhos
de Deus.
Esclarecendo os passos que conduziram à realização desta II Assembleia
sinodal para a África, o Secretário Geral do Sínodo recordou que já em Junho de 2004,
João Paulo II, ao receber o Conselho Especial para a África, do Sínodo dos Bispos,
se interrogava se “não teria chegado o momento, como solicitam numerosos Pastores
da África, de aprofundar esta experiência sinodal africana”. E acrescentava então
o Papa Wojtyla: “O excepcional crescimento da Igreja na África, a rápida mudança de
pastores, os novos desafios que o continente deve enfrentar exigem respostas que somente
a continuação do esforço pedido na elaboração da Exortação “Ecclesia in Africa” poderia
oferecer, dando assim renovado vigor e reforçada esperança a este continente em dificuldade”. Estava
praticamente tomada a decisão de convocar a II assembleia sinodal para a África que
agora se realiza. Meses depois, em Novembro de 2004, dirigindo-se aos participantes
num Simpósio dos Bispos da África e da Europa, João Paulo II dava o anúncio oficial:
“Acolhendo os votos do Conselho pós-sinodal, intérprete do desejo dos Pastores africanos
(declarou), aproveito a ocasião para anunciar a minha intenção de convocar uma segunda
Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos”. Finalmente, em Fevereiro
de 2005, praticamente a um mês da sua morte, o falecido pontífice referia-se de novo
a esta II Assembleia de Bispos para a África numa carta dirigida ao Secretário Geral
do Sínodo: “Fazendo seu o dinamismo surgido da primeira experiência sinodal africana,
esta nova Assembleia procurará aprofundar e prolongá-la… considerando as novas circunstâncias
eclesiais e sociais do continente. Terá como tarefa ajudar as Igrejas locais e os
seus Pastores e ajudá-los nos seus projectos pastorais, preparando assim o futuro
da Igreja no continente africano, que vive situações difíceis, tanto no plano político,
económico e social como no que concerne a paz” O Papa João Paulo II ressaltava
também algumas dificuldades com que se debate o continente: conflitos armados, pobreza
persistente, doenças com consequências devastadoras, a começar pelo drama da SIDA,
a corrupção e o difundido sentido de insegurança em várias regiões. Juntamente com
todos os homens de boa vontade (escrevia o Papa), os fiéis católicos devem trabalhar
para construir uma sociedade próspera e estável, assegurando às novas gerações um
futuro digno. “Possa a futura Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a África
favorecer o crescimento da fé em Cristo Salvador e a uma autêntica reconciliação!”
– concluía João Paulo II. Dois meses depois da sua eleição pontifícia, Bento XVI
pronunciou-se a favor da convocação desta II assembleia sinodal para a África, dando
ele próprio o anúncio na audiência geral de 22 de Junho: “Tenho grande confiança em
que tal Assembleia dê um maior impulso ao continente africano na evangelização, no
fortalecimento e no crescimento da Igreja e na promoção da reconciliação e da paz”
– afirmou o novo Papa. A proclamação oficial desta Assembleia sinodal teve lugar dois
anos depois, a 28 de Junho de 2007, vigília da solenidade de São Pedro e São Paulo,
sendo então indicado o tema e a data.