BENTO XVI: "ÁFRICA, IMENSO PULMÃO ESPIRITUAL PARA A HUMANIDADE"
Cidade do Vaticano, 04 out (RV) - O Santo Padre presidiu neste domingo, na
Basílica de São Pedro, a celebração eucarística de abertura da II Assembléia Especial
para a África do Sínodo dos Bispos.
O papa iniciou a homilia, recordando a
I Assembléia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, inaugurada pelo Servo de
Deus João Paulo II, em 10 de abril de 1994. O Santo Padre deu as boas-vindas aos bispos
que participarão do II Sínodo para a África, aos especialistas e auditores. Saudou
também o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Dom Nikola Eterović, e seus colaboradores,
além de Sua Beatitude Abuna Paulus, patriarca da Igreja Ortodoxa Etíope, delegados
de outras Igrejas e Comunidades eclesiais. Enfim, o papa saudou as autoridades civis
e os embaixadores que participaram da cerimônia, como também os sacerdotes, religiosos,
religiosas, os representantes de organismos, movimentos e associações, e também o
coro congolês que junto com o coro da Capela Sistina animaram a celebração eucarística.
Bento
XVI prosseguiu a homilia destacando três aspectos da liturgia deste domingo que falam
sobre a primazia de Deus sobre a criação, o matrimônio e as crianças. A senhoria de
Deus, Criador e Senhor, "as crianças sabem acolher melhor do que os adultos. É por
isso que Jesus as indica como modelo a seguir para entrar no Reino dos Céus" – frisou
o papa. O pontífice disse ainda que o reconhecimento da senhoria de Deus é um dos
pontos salientes da cultura africana e acrescentou: "Naturalmente na África existem
múltiplas e diferentes culturas, mas todas concordam que Deus é o Criador e a fonte
da vida. Sobre o primeiro aspecto a África é depositária de um inestimável tesouro
para o mundo inteiro. Quando se fala de tesouros da África, o pensamento recorre aos
recursos cujo é rico o território que infelizmente continua sendo motivo de exploração,
conflitos e corrupção."
O Santo Padre frisou que a Palavra de Deus nos ajuda
a olhar a outros patrimônios que a África possui, o espiritual e cultural. Bento XVI
frisou ainda que a África é um imenso pulmão espiritual para a humanidade que está
vivendo uma crise de fé e esperança. O papa fez um apelo para que a África não se
contamine com a doença do mundo ocidental caracterizada pelo materialismo e o pensamento
relativista e niilista.
O papa sublinhou que o primeiro mundo exportou e continua
exportando lixo tóxico espiritual, que contagia às populações de outros continentes
e também africanas. Neste sentido o colonialismo, que terminou no plano político,
não foi totalmente exterminado. Bento XVI chamou a atenção para outro problema que
poderá atingir a África: o fundamentalismo religioso acompanhado por interesses políticos
e econômicos.
A seguir o Santo Padre uniu a leitura do livro do Gênesis relativa
ao matrimônio, "por isso o homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher
e eles serão uma só carne", ao contexto africano e eclesial, ressaltando que "a vida
conjugal entre o homem e a mulher, ou seja, a família que nasce dessa união está inscrita
na comunhão com Deus e à luz do Novo Testamento se torna ícone do Amor Trinitário
e sacramento de união entre Cristo e a Igreja. Na medida em que protege e desenvolve
a sua fé a África poderá encontrar grandes recursos em prol da família fundamentada
no matrimônio."
O Santo Padre falou sobre as crianças, ressaltando que a liturgia
deste domingo, nos convida a olhar especialmente para a realidade das crianças que
sofrem em vários países da África. "Em Jesus que acolhe as crianças podemos ver a
imagem da Igreja na África e em todas as partes do mundo que manifesta a sua maternidade,
sobretudo para com os pequenos" – frisou o pontífice.
Bento XVI destacou que
com a sua obra de evangelização e promoção humana, a Igreja pode oferecer uma grande
ajuda à sociedade africana marcada pela pobreza, violência, injustiças e guerras.
A vocação da Igreja, comunidade de pessoas reconciliadas com Deus e com os
irmãos, é ser profeta e fermento de reconciliação entre os vários grupos étnicos e
religiosos do continente africano.
O pontífice agradeceu aos padres sinodais
pela ajuda que darão aos trabalhos da II Assembléia Especial para a África do Sínodo
dos Bispos, que será renovada experiência de comunhão eclesial fraterna que beneficiará
toda a Igreja, sobretudo no âmbito do Ano Sacerdotal.
O papa finalizou a homilia
pedindo orações a fim de que o Senhor torne frutuoso o II Sínodo para a África e invocou
sobre o evento a proteção de São Francisco de Assis, de todos os santos africanos
e da Virgem Maria, Mãe da Igreja e Nossa Senhora da África. (MJ)