(3/10/2009) A II assembleia especial para África do Sínodo dos Bispos, é uma oportunidade
para um continente que tem sido “muito sacudido por conflitos”, considera D. Gabriel
Mbiling, Arcebispo do Lubango, em Angola, e presidente da IMBISA Numa entrevista
conjunta ECCLESIA/Acção Missionária, D. Mbiling, considera que a Igreja só será ouvida
se levar uma mensagem de reconciliação e de justiça, para garantir uma “paz mais duradoura”. O
Sínodo, com o tema “A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da
paz”, assume-se como uma ocasião para debater a presença, a estrutura e os desafios
do catolicismo neste continente Após recordar a visita de Bento XVI a Angola e
os Camarões, em Março passado, o Arcebispo do Lubango sublinha a oportunidade do tema
escolhido para o próximo Sínodo e assegura que garantir a paz em África é prestar
“um grande serviço, não só ao continente, mas também a toda a humanidade”. 15 anos
depois do primeiro Sínodo africano, muito mudou, incluindo um aumento significativo
no número de católicos que passou de 102 milhões (1994) para cerca de 165 milhões
de pessoas, em 2007. Num olhar sobre esta década e meia, D. Gabriel Mbiling destaca
os países em que as lideranças políticas “tomaram consciência do seu papel de implementadores
de uma sociedade mais harmónica”. O primeiro Sínodo africano abordou questões relacionadas
com a missão evangelizadora, em vista do jubileu de 2000: Esta segunda reunião dos
episcopados católicos de África, que decorre no Vaticano – uma opção que alguns contestam,
mas que tem como intenção mostrar que os problemas dos católicos deste Continente
não são periféricos, mas estão no coração de toda a Igreja – aborda diversos aspectos
dos desafios centrais, não só à luz das problemáticas actuais em África, mas também
com os seus aspectos positivos. Entre as dificuldades evidenciadas destacam-se
o etnocentrismo ou o tribalismo que muitas vezes está por detrás de outros problemas
– conflitos, nepotismo e corrupção, impunidade. O entusiasmo que se gerou com a
obtenção da independência por parte das nações africanos acabou por desaparecer, muitas
vezes, por causa do falhanço de governos, de iniciativa política ou militar.