2009-10-02 19:59:48

PAPA A NOVO EMBAIXADOR EUA: NÃO SEPARAR DEFESA DA VIDA E PROMOÇÃO SOCIAL


Castel Gandolfo, 02 out (RV) - O multilateralismo para garantir paz e desenvolvimento à humanidade e à defesa da vida em todas as suas fases foi o tema candente desenvolvido por Bento XVI no discurso ao novo embaixador dos EUA junto à Santa Sé, Miguel Humberto Díaz, recebido esta manhã, na residência apostólica de Castel Gandolfo, para a apresentação de suas credenciais.

O pontífice deteve-se sobre o binômio liberdade e verdade – fundamento de toda democracia sadia – e ressaltou a contribuição que a Igreja local dá para a sociedade estadunidense, sobretudo na defesa da dignidade humana.

O papa se disse confiante de que as relações diplomáticas entre Santa Sé e EUA continuarão "sendo marcadas por um diálogo frutuoso e pela cooperação para a promoção da dignidade humana", do respeito dos "direitos fundamentais" e do "serviço à justiça, à solidariedade e à paz".

O Santo Padre apreciou o reconhecimento, por parte dos EUA, da necessidade "de um mais forte espírito de solidariedade e de compromisso multilateral para enfrentar" os problemas urgentes do nosso planeta.

A defesa de valores como a vida, liberdade e busca da felicidade não pode ser vista em termos individuais ou nacionais, mas deve ser inserida na mais ampla perspectiva do bem comum de toda a sociedade humana – observou.

O perdurar da crise econômica – acrescentou o papa – "requer claramente uma revisão das atuais estruturas políticas, econômicas e financeiras" à luz do imperativo moral de assegurar "um desenvolvimento integral" de todos os povos.

Bento XVI reiterou a necessidade de "um modelo de globalização inspirado num autêntico humanismo" no qual os povos não sejam vistos somente como próximos, mas como irmãos e irmãs.

Por outro lado – ponderou o pontífice – o multilateralismo não deveria se restringir às questões políticas e econômicas, mas ser utilizado para fazer frente a todos os temas ligados ao futuro da humanidade: do acesso ao alimento ao clima, da saúde à eliminação das armas nucleares.

A esse respeito, o Santo Padre expressou satisfação pela recente reunião do Conselho de Segurança da ONU, presidida pelo presidente Barack Obama, que aprovou uma resolução sobre o desarmamento atômico em vista de um mundo livre das armas nucleares.

Em seguida, Bento XVI ressaltou que as religiões enriquecem o discurso ético e político, porque se ocupam do destino último de todo homem e são chamadas a ser uma força profética de libertação.

Nesse contexto, o papa recordou sua visita à Terra Santa, onde quis destacar a compreensão e a cooperação entre as diversas religiões a serviço da paz. Trata-se de um objetivo que é promovido também pelo atual governo estadunidense – observou, com satisfação, o Santo Padre.

Prosseguindo seu discurso, o pontífice falou da contribuição que a Igreja dá ao desenvolvimento da sociedade estadunidense. Uma contribuição para as questões éticas e sociais dada mediante argumentos racionais radicados na lei natural.

A preservação da liberdade está ligada de modo inseparável ao respeito pela verdade, disse o papa, acrescentando que a crise das democracias modernas exorta a um renovado compromisso a "discernir políticas justas e sábias, respeitosas da natureza e da dignidade humanas".

A Igreja estadunidense dá uma contribuição positiva para a vida civil e para o debate público através do discernimento mediante a formação das consciências.

Em particular, o papa mencionou a necessidade "de um claro discernimento em relação aos temas que concernem à proteção da dignidade humana e ao respeito do inalienável direito à vida – do momento da concepção até a morte natural – bem como da proteção do direito de objeção de consciência por parte dos agentes de saúde".

A Igreja – concluiu o papa – insiste sobre o laço inviolável entre a ética da vida e todo e qualquer outro aspecto da ética social. (RL)







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