CARD. KASPER: "CONCERTO MUSICAL DEVE SENSIBILIZAR"
Cidade do Vaticano, 02 out (RV) - Foi apresentado ontem de manhã, na Sala de
Imprensa do Vaticano, o programa do concerto “Jovens contra a Guerra”, programado
para o dia 8 de outubro, no auditório da Via da Conciliação, em Roma, com a participação
de Bento XVI.
Com esta iniciativa, o Pontifício Conselho para a Promoção da
Unidade dos Cristãos, a comissão vaticana para diálogo com o judaísmo e a Embaixada
alemã junto à Santa Sé querem “incentivar diálogos e reconciliações”.
O presidente
do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper, interveio
ontem no encontro com os jornalistas e afirmou que a intenção do Vaticano é “sensibilizar
não só a geração que viveu os horrores da II Guerra, mas também os jovens e todos
os que querem aprender com os ensinamentos do passado para criar um mundo melhor”.
“Para
sanar estas e outras feridas, a Igreja Católica se tornou uma das principais promotoras
em todo o mundo da reconciliação: o movimento ecumênico – constatou - demonstra como
vizinhos beligerantes que se feriram mutuamente em guerras de religião estão se convertendo
hoje em ‘irmãos em Cristo’ e contribuem para a pacificação de povos e nações. Este
é o motivo principal do concerto” – destacou, relevando o papel da música para contribuir
no diálogo.
Sobre as relações com o judaísmo, o cardeal recordou que a II
Guerra Mundial foi ‘terreno fértil para o projeto inumano de anulação do povo judeu’.
“As barbaridades e brutalidades assumiram dimensões satânicas nestes anos
- admitiu. Chegou-se a pensar que Deus havia esquecido e abandonado seu povo e a humanidade
inteira, como recordou o Santo Padre, em sua visita a Auschwitz e à sinagoga de Colônia”.
“Apesar
deste passado doloroso e trágico, a colaboração entre cristãos e judeus se funda hoje
sobre bases sólidas; dúvidas e dificuldades podem ser superadas no respeito e na simpatia
recíprocas. Para alcançar este objetivo, são essenciais oração constante e compromisso
cotidiano” – acrescentou. No concerto, serão executadas composições do austríaco
Gustav Mahler e a quarta sinfonia do alemão Feliz Mendelssohn, “uma escolha musical
ditada pelo fato que ambos os compositores são judeus de nascimento e experimentaram
um forte antissemitismo durante sua vida” – explicou o cardeal alemão.
As músicas
serão acompanhadas por textos de Johann Wolfgang von Goethe, Heinrich Heine e Bertolt
Brecht, lidos pelo ator alemão Klaus Maria Brandauer. (CM)