(1/10/2009) “A África é para o catolicismo um lugar de desafio: ou conseguimos
difundir bem o Evangelho nesse continente, ou teremos muito mais dificuldades.” Foi
o que disse D. Giampaolo Crepaldi, novo Arcebispo de Trieste e anteriormente Secretário
do Conselho Pontifício Justiça e Paz, durante um dia de estudo “Por uma revolução
verde na África”, organizada pelo Ateneu Pontifício Regina Apostolorum na última semana
aqui em Roma.
“Devemos trabalhar e amar esse continente, onde os problemas
agrícolas, que estão ligados à vida das pessoas e dos povos, apresentam uma série
de implicações éticas no plano cultural e social, para os quais a Igreja alerta oferecendo
os seus princípios e as suas valiosas indicações para realizar sempre o bem comum
e o desenvolvimento do homem.”
O Prelado, reafirmando que a “Igreja não tem
competência em questões de natureza estritamente técnica sobre as diversas actividades
relacionadas com o mundo agrícola”, salientou que a África é “o continente onde se
encontra a maior percentagem da população que se dedica à agricultura – em alguns
Países chega a 80% - e, ao mesmo tempo, onde se encontra o maior número de pessoas
que sofre por causa da desnutrição e do subdesenvolvimento”.
O paradoxo de
tal realidade é explicado, segundo D. Crepaldi, “pelo facto de a África não poder
beneficiar da chamada revolução verde, como por exemplo a Ásia, por causa do pouco
desenvolvimento da mecanização agrícola, dos sistemas de irrigação, da utilização
de produtos químicos como antiparasitas e fertilizantes ou o uso intensivo de sementes
seleccionadas e melhoradas.” Recordando a encíclica de Bento XVI, Caritas in veritate,
o prelado salientou a importância fundamental de se “enfrentar o problema da segurança
alimentar numa perspectiva de longo prazo, eliminando as causas estruturais que o
provocam” . É certo que não há “soluções únicas e simples – continuou – mas é necessária
uma infra-estrutura adequada de transporte e escolas”.
O arcebispo recordou
também outro grave problema da realidade africana, principalmente a subsaariana: “são
indispensáveis também a pacificação e a estabilidade política e social”. Os factores
sociais e políticos são determinantes para que o desenvolvimento agrícola e o desenvolvimento
humano e económico em geral sejam de alguma forma garantidos e sustentados por
um contexto pacífico, reconciliado e estável.