Roma, 30 set (RV) - “A África é para o catolicismo o lugar de futuro desafio:
ou conseguimos difundir bem o Evangelho nesse continente, ou teremos muito mais dificuldades.”
Foi o que disse Dom Giampaolo Crepaldi, novo Arcebispo de Trieste e anteriormente
Secretário do Pontifício Conselho Justiça e Paz, durante um dia de estudo “Por uma
revolução verde na África”, organizada pelo Ateneu Pontifício Regina Apostolorum na
última semana em Roma.
“Devemos trabalhar e amar esse continente, onde os
problemas agrícolas, que estão ligados à vida das pessoas e dos povos, apresentam
uma série de implicações éticas no plano cultural e social, aos quais a Igreja alerta
para o dever de oferecer os seus princípios e as suas valiosas indicações para realizar
sempre o bem comum e o desenvolvimento de todo homem.”
O Prelado, reafirmando
que a “Igreja não tem competência em questões de natureza estritamente técnica sobre
as diversas atividades relacionadas ao mundo agrícola”, destacou que a África é “o
continente onde se encontra o maior percentual da população dedicada à agricultura
– em alguns Países chega a 80% - e, ao mesmo tempo, onde está o maior número de pessoas
que sofre por causa da desnutrição e do subdesenvolvimento”.
O paradoxo de
tal realidade é explicado, segundo Dom Crepaldi, “pelo fato de que a África não pôde
se beneficiar da chamada revolução verde, como a Ásia, por causa do pouco desenvolvimento
da mecanização agrícola, dos sistemas de irrigação, da utilização de produtos químicos
como antiparasitas e fertilizantes ou do uso disseminado de sementes selecionadas
e melhoradas.” Recordando a encíclica de Bento XVI, Caritas in veritate, o prelado
destacou a importância fundamental de se “enfrentar o problema da segurança alimentar
numa perspectiva de longo prazo, eliminando as causas estruturais que o provocam”
. É certo que não há “soluções únicas e simples – continuou – mas é necessária uma
infra-estrutura adequada de transporte e escolas”.
O arcebispo recordou também
outro grave problema da realidade africana, principalmente a subsaariana: “são indispensáveis
também a pacificação e a estabilidade política e social”. Os fatores sociais e políticos
são determinantes para que o desenvolvimento agrícola e o desenvolvimento humano e
econômico em geral sejam de alguma foram garantidos e sustentados por um contexto
pacífico, reconciliado e estável, como diz o título do próximo Sínodo dos Bispos.
Na
ótica de uma desejável “revolução verde” também na África, Dom Crepaldi reiterou que
“a Igreja sempre favoreceu o trabalho, o conhecimento científico e as aplicações técnicas
que geram desenvolvimento.” (SP)