2009-09-30 16:47:21

Entrevista com Maria Teresa Brassiolo, presidente de Transparency International Itália sobre o fenómeno da corrupção em África.


(30/9/2009) A palavra corrupção aparece nove vezes no testo do “instrumentum laboris” do Sínodo, e cupa um dos primeiros lugares na lista da sombras que obscurecem o Continente e impedem o seu desenvolvimento. A palavra corrupção aparece em todos os contextos: civil, social, económico, ético ….e todo o lado.
Quais são os países africanos mais atingidos pelo fenómeno da corrupção?

O índice de corrupção delineado por Transparency é um índice de percepção da corrupção e fornece algumas pontuações: 10 são os países sem corrupção e 1 ou menos ainda são aqueles mais corruptos
. Portanto os Estados que estão dentro da pontuação de 1 são: a Somália que se encontra no nivel mais baixo do nosso índice, depois temos o Sudão, a Guiné, o Chade, a Guiné Equatorial, o Congo, Zimbabwe e de pois a Gâmbia e a Republica Democrática do Congo que se encontra no 158º lugar, o Burundi, Angola….Encontramos muitos países africanos no fundo da classificação.

Quais são as causas principais da corrupção em África ?

Eu penso que são múltiplas : na minha opinião são os escassos recursos dedicados á educação;. Quando as pessoas não conseguem defender-se, evidentemente estão sujeitas a todo o tipo de vexação e a possibilidade de defender-se, também criando uma actividade económica, uma independência económica, passa absolutamente através da educação. Grande parte das ajudas que foram distribuídas pelas nações – ajudas materiais - tiveram certamente um impacto pouco importante. Tiveram muito mais as operações religiosas, da Igreja católica por exemplo, que promovem os valores, a integridade, uma modalidade de comportamento que consegue combater a corrupção e que consegue também formar coligações virtuosas contra a própria corrupção.

Primeiro falámos dos países corruptos: podemos agora citar os Países onde o Estado funciona efectivamente?

Recordo o Botswana , que muitas vezes é citado pela qualidade do seu governo e também pelo relativo bem estar que atingiu. Porém devemos dizer que ao lado deste caso não é que existem muitos outros. Também a África do Sul que está a envidar grandes esforços, contudo não se encontra numa posição muito satisfatória.

Qual é a responsabilidade do Ocidente em tudo isto?

 
Refiro-me á publicação do Banco Mundial que se está a tornar muito céptico acerca do tipo de ajuda que foi oferecida á África : parece que 40/ das ajudas oferecidas pelo próprio Banco foi usado para objectivos diferentes daqueles previstos. Outros estudos (…) identificaram nas ajudas, como foram oferecidas até agora, até mesmo a própria fonte da corrupção. O dinheiro que entrava em África , a titulo benéfico, depois saída por outros caminhos, indo parar aos “paraísos fiscais”, e portanto não produzindo nenhum bem -estar para o País e para os objectivos para os quais tinha sido oferecido. Desta maneira, uma acção meritória, como poderia ser uma ajuda transformava-se mesmo num abuso (…) porque servia para engrossar as contas de varias personalidade que governam aquele país. Um dado que gela o sangue.

A Igreja local, nos vários países africanos esteve sempre empenhada na luta contra a corrupção. Na sua opinião fez-se o suficiente ou a Igreja pode fazer ainda muito mais?

A Igreja fez muitíssimo e provavelmente foi aquele que fez mais para ajudar a sociedade civil a formar uma consciência, uma força interna para combater as violências . Certamente pode-se fazer mais mas os recursos da Igreja não são infinitos. Os recursos que chegam por exmeplo do Banco Mundial deveriam ser dirigidos á educação, porque haveria muito menos abusos, haveria muito menos corrupção e ir-se-ia a incidir verdadeiramente num ponto fundamental.

O Sínodo dos Bispos para a África pode indicar lingas – guia, traçar caminhos neste âmbito?

Certamente sim, também graças á autoridade da Igreja e sobretudo pela possibilidade que a Igreja tem de entrar nas casas, de entrar no espírito das pessoas, coisas que os políticos normalmente não têm. A Igreja dirige-se também, muitas vezes, ás mulheres que são muito sensíveis a estas problemáticas porque pensam mais nos seus filhos do que em motivações politicas. Pendo que a Igreja teve sempre, mas deveria ter ainda mais, um papel fundamental, e deveria pedir aos doadores internacionais que façam passar as suas doações através dos sistemas educativos, talvez envolvendo também muito a sociedade civil, dando os financiamentos, não aos governos, mas ás organizações no território. E certamente aquela mais representada, aquela que tem um poder de convicção forte é sem duvida a organização religiosa. É um caminho que o Banco Mundial já está a percorrer.


 

 

 
 

 

 
 







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