Cidade do Vaticano, 26 set (RV) - Celebra-se neste domingo, 27 de setembro
a 30ª edição do Dia Mundial do Turismo dedicada “à diversidade”: O tema deste ano,
escolhido pela Organização Mundial do Turismo é O turismo, celebração da diversidade.
A Rádio Vaticano conversou com o Secretário do Pontifício Conselho da Pastoral
para os Migrantes e Itinerantes, Dom Agostino Marchetto.
1) O tema da diversidade
sobre o qual tanto se discute em âmbito migratório vem exatamente celebrado pelo turismo.
Dom Marchetto o senhor pode dar-nos uma sua interpretação? Este
ano ocorre a trigésima edição do Dia Mundial do Turismo dedicada “à diversidade”,
uma realidade cada vez mais presente nas sociedades globalizadas e que è objeto de
profundas considerações. O tema deste ano escolhido pela Organização Mundial do Turismo,
O turismo, celebração da diversidade, faz referência a uma das suas forças
encorajantes, um dos seus recursos, enquanto que põe em contato modos de viver, religiões
e histórias diversas.Como afirmamos na Mensagem Pastoral do nosso Conselho
Pontifício para a ocasião, este “abre caminhos de encontro com o homem na sua diversidade
e na sua riqueza antropológica”. A diversidade então surge, como dado positivo,
como bem que deveria levar a interessar-nos por culturas diversas para possivelmente
receber um enriquecimento em humanidade. A experiência da diversidade deveria, porém,
favorecer o crescimento e a maturidade pessoal. Tudo isto, naturalmente exige um empenho,
seja por parte do turista como de quem o acolhe para “não fechar-se na própria cultura”.
Precisaria estar predisposto ao encontro, a abrir-se ao diálogo com respeito. Com
frequência, o estado de ânimo descontraído das férias e o bem-estar do qual o turista
se beneficia, favorecem a superação da desconfiança para com os outros e dispõem a
superar os próprios limites, a apreciar quem è diferente de nós, até o ponto de fazer
nascer sentimentos de compreensão e de paz. Na nossa Mensagem se afirma também que
“no contemplar a diversidade, o homem descobre os traços do divino nas pegadas do
humano. E, para o credente, o conjunto das diversidades abre caminhos para aproximar-se
da infinita grandeza de Deus”.
2) A última Encíclica de Papa Bento XVI,
Caritas in veritate, dedica um parágrafo ao turismo, salientando
neste, elementos positivos e negativos. Gostaria de fazer alguma consideração a respeito?
Trata-se de uma parte muito importante do n. 61, no qual
o Santo Padre, refletindo sobre o fenômeno do turismo internacional, afirma que isso
“pode constituir um notável fator de desenvolvimento econômico e de crescimento cultural”.
O pensamento do Papa navega na grande realidade turística, a qual repercute em milhões
e milhões de seres humanos, levando consigo incentivos e benefícios significativos
ao desenvolvimento, como – observa o Santo Padre – os aspectos econômicos combinem-se
com os culturais, sendo o educativo o primeiro deles. Tal aspecto, com a formação
e com a ética, contribuem a dotar o turismo de grandes potencialidades, para combater
a pobreza, a exploração dos recursos e a desvalorização das culturas. Existe porém,
o perigo, como adverte o Santo Padre, de que o turismo possa ter um crescimento egoístico,
consumista é insustentável. Isto pode também transformar-se em ocasião de exploração
e degradação moral, como no caso “do chamado turismo sexual, em que são sacrificados
muitos seres humanos, mesmo de tenra idade". Devemos todos recordar sempre, que o
fim último de nossa ação é o bem-estar integral do homem e que, especialmente neste
âmbito, é necessário seguir o convite de Bento XVI a “pensar num turismo diferente,
capaz de promover um verdadeiro conhecimento recíproco, sem tirar espaço ao repouso
e ao divertimento sadio”. 3) Então, qual tipo de turismo seria bom desenvolver? Gostaria
de utilizar um termo que poderia quiçá parecer um pouco retórico, porém é cheio de
significado, falaria pois de um turismo com “rosto humano”, que encontra na acolhida
seu centro propulsor e se caracteriza por assumir responsabilidade em nível individual
e coletivo. Um turismo assim convida a formas mais sóbrias de comportamento, voltadas
à socialização e à solidariedade, à ecologia e ao desenvolvimento sustentável. Isto
pressupõe uma convergência de empenho por parte dos Governos, com leis e medidas específicas
dos organismos internacionais, com protocolos adequados, e da Igreja, com a sua presença
pastoral, vigilante e caridosa, para fazer com que os direitos das pessoas sejam sempre
antepostos ao mero benefício e que seja acessível a todos para usufruir dos bens naturais,
culturais e artísticos. “Um turismo deste gênero há-de ser incrementado, graças também
a uma ligação mais estreita com as experiências de cooperação internacional e de empresariado
para o desenvolvimento” como escreve o Santo Padre na Caritas in veritate (n.
61). Além disso, a sinergia de intenções, entre os protagonistas do turismo, quer
dizer, os hoteleiros, as agências de viagem, os meios de comunicação e as instituições
educacionais, podem contribuir também a contrastar as formas mais degradantes do turismo,
oferecendo dados, por exemplo, sobre as implicações jurídicas para os turistas que
transgridam as leis. Dá-se assim apoio legal, psicológico e religioso às vitimas de
sua exploração. A Igreja na realidade concreta das dioceses, das paróquias, dos
agentes pastorais e das associações, também se prodigaliza em favor de quantos acolhem
o turismo, se beneficiam ou sofrem dele. A Igreja deseja oferecer a todos a sua assistência
pastoral dirigida a um fenômeno turístico que saiba valorizar a dimensão contemplativa
da vida, celebrando igualmente o Dia do Senhor, que é um dia de festa do homem com
Deus. (SP)