2009-09-26 13:13:08

DIA MUNDIAL DO TURISMO


Cidade do Vaticano, 26 set (RV) - Celebra-se neste domingo, 27 de setembro a 30ª edição do Dia Mundial do Turismo dedicada “à diversidade”: O tema deste ano, escolhido pela Organização Mundial do Turismo é O turismo, celebração da diversidade. A Rádio Vaticano conversou com o Secretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, Dom Agostino Marchetto.

1) O tema da diversidade sobre o qual tanto se discute em âmbito migratório vem exatamente celebrado pelo turismo. Dom Marchetto o senhor pode dar-nos uma sua interpretação?
 
Este ano ocorre a trigésima edição do Dia Mundial do Turismo dedicada “à diversidade”, uma realidade cada vez mais presente nas sociedades globalizadas e que è objeto de profundas considerações. O tema deste ano escolhido pela Organização Mundial do Turismo, O turismo, celebração da diversidade, faz referência a uma das suas forças encorajantes, um dos seus recursos, enquanto que põe em contato modos de viver, religiões e histórias diversas. Como afirmamos na Mensagem Pastoral do nosso Conselho Pontifício para a ocasião, este “abre caminhos de encontro com o homem na sua diversidade e na sua riqueza antropológica”.
A diversidade então surge, como dado positivo, como bem que deveria levar a interessar-nos por culturas diversas para possivelmente receber um enriquecimento em humanidade. A experiência da diversidade deveria, porém, favorecer o crescimento e a maturidade pessoal. Tudo isto, naturalmente exige um empenho, seja por parte do turista como de quem o acolhe para “não fechar-se na própria cultura”. Precisaria estar predisposto ao encontro, a abrir-se ao diálogo com respeito. Com frequência, o estado de ânimo descontraído das férias e o bem-estar do qual o turista se beneficia, favorecem a superação da desconfiança para com os outros e dispõem a superar os próprios limites, a apreciar quem è diferente de nós, até o ponto de fazer nascer sentimentos de compreensão e de paz. Na nossa Mensagem se afirma também que “no contemplar a diversidade, o homem descobre os traços do divino nas pegadas do humano. E, para o credente, o conjunto das diversidades abre caminhos para aproximar-se da infinita grandeza de Deus”.

2) A última Encíclica de Papa Bento XVI, Caritas in veritate, dedica um parágrafo ao turismo, salientando neste, elementos positivos e negativos. Gostaria de fazer alguma consideração a respeito?
 
Trata-se de uma parte muito importante do n. 61, no qual o Santo Padre, refletindo sobre o fenômeno do turismo internacional, afirma que isso “pode constituir um notável fator de desenvolvimento econômico e de crescimento cultural”. O pensamento do Papa navega na grande realidade turística, a qual repercute em milhões e milhões de seres humanos, levando consigo incentivos e benefícios significativos ao desenvolvimento, como – observa o Santo Padre – os aspectos econômicos combinem-se com os culturais, sendo o educativo o primeiro deles.
Tal aspecto, com a formação e com a ética, contribuem a dotar o turismo de grandes potencialidades, para combater a pobreza, a exploração dos recursos e a desvalorização das culturas. Existe porém, o perigo, como adverte o Santo Padre, de que o turismo possa ter um crescimento egoístico, consumista é insustentável. Isto pode também transformar-se em ocasião de exploração e degradação moral, como no caso “do chamado turismo sexual, em que são sacrificados muitos seres humanos, mesmo de tenra idade". Devemos todos recordar sempre, que o fim último de nossa ação é o bem-estar integral do homem e que, especialmente neste âmbito, é necessário seguir o convite de Bento XVI a “pensar num turismo diferente, capaz de promover um verdadeiro conhecimento recíproco, sem tirar espaço ao repouso e ao divertimento sadio”.
3) Então, qual tipo de turismo seria bom desenvolver?
Gostaria de utilizar um termo que poderia quiçá parecer um pouco retórico, porém é cheio de significado, falaria pois de um turismo com “rosto humano”, que encontra na acolhida seu centro propulsor e se caracteriza por assumir responsabilidade em nível individual e coletivo. Um turismo assim convida a formas mais sóbrias de comportamento, voltadas à socialização e à solidariedade, à ecologia e ao desenvolvimento sustentável. Isto pressupõe uma convergência de empenho por parte dos Governos, com leis e medidas específicas dos organismos internacionais, com protocolos adequados, e da Igreja, com a sua presença pastoral, vigilante e caridosa, para fazer com que os direitos das pessoas sejam sempre antepostos ao mero benefício e que seja acessível a todos para usufruir dos bens naturais, culturais e artísticos. “Um turismo deste gênero há-de ser incrementado, graças também a uma ligação mais estreita com as experiências de cooperação internacional e de empresariado para o desenvolvimento” como escreve o Santo Padre na Caritas in veritate (n. 61).
Além disso, a sinergia de intenções, entre os protagonistas do turismo, quer dizer, os hoteleiros, as agências de viagem, os meios de comunicação e as instituições educacionais, podem contribuir também a contrastar as formas mais degradantes do turismo, oferecendo dados, por exemplo, sobre as implicações jurídicas para os turistas que transgridam as leis. Dá-se assim apoio legal, psicológico e religioso às vitimas de sua exploração.
A Igreja na realidade concreta das dioceses, das paróquias, dos agentes pastorais e das associações, também se prodigaliza em favor de quantos acolhem o turismo, se beneficiam ou sofrem dele. A Igreja deseja oferecer a todos a sua assistência pastoral dirigida a um fenômeno turístico que saiba valorizar a dimensão contemplativa da vida, celebrando igualmente o Dia do Senhor, que é um dia de festa do homem com Deus. (SP)







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