2009-09-26 18:05:48

A exigência de novos modelos de vida pública e de solidariedade entre nações e povos salientada pelo Papa esta tarde em Praga


(26/9/2009) Esta tarde em Praga Bento XVI efectuou uma visita de cortesia ao presidente da República e encontrando -se em seguida com autoridades políticas e civis, e com o corpo diplomático.
A Europa é mais do que um continente, é uma casa, é uma pátria! – sublinhou Bento XVI neste encontro na “Sala Espanhola” do Castelo de Praga.
O Papa começou por recordar a coincidência desta sua visita com o vigésimo aniversário da queda dos regimes totalitários na Europa Central e Oriental e com a “Revolução de Veludo” que restabeleceu a democracia. Um processo de reconstrução que – observou – continua agora dentro do contexto mais amplo da unificação europeia e de um mundo cada vez mais globalizado.
Bento XVI observou que “as aspirações dos cidadãos e as expectativas em relação aos respectivos governos exigem novos modelos de vida pública e de solidariedade entre nações e povos, sem os quais ficaria sem se realizar aquele futuro de justiça, de paz e de prosperidade por tanto tempo aguardado e esperado”.

O Papa deteve-se depois a considerar as aspirações à liberdade, questão que vai bem para além daquilo que qualquer autoridade política ou económica poderá oferecer. “A verdade – sublinhou – é a norma-guia para a liberdade, e a sua perfeição é a bondade”. A grande responsabilidade de manter viva a sensibilidade a favor da verdade e do bem recai – advertiu – sobre todos os que exercem um papel de condução, no campo religioso, político ou cultural. Bento XVI recordou que também que a luta pela liberdade e a busca da verdade vão pari passu. Ou avançam conjuntamente, passo a passo, ou juntas perecem – advertiu.

“Ao longo dos séculos esta terra foi um ponto de encontro entre diferentes povos, tradições e culturas. Como bem sabemos, houve capítulos dolorosos e subsistem cicatrizes de trágicos acontecimentos causados pela incompreensão, pela guerra e pela perseguição.
E, contudo, também é verdade que as suas raízes cristãs favoreceram o crescimento de um considerável espírito de perdão, de reconciliação e de colaboração, que tornaram as populações destas terras capazes de reencontrarem a liberdade e de inaugurar uma nova era, uma nova síntese, uma renovada esperança.”

Não será precisamente deste espírito que a Europa de hoje mais carece? – interrogou-se Bento XVI.

“A Europa é mais do que um continente. É uma casa, um lar! E a liberdade encontra o seu significado mais profundo precisamente no facto de ser uma pátria espiritual. No pleno respeito da distinção entre a esfera política e a esfera religiosa – distinção que garante a liberdade dos cidadãos de exprimirem o próprio credo religioso, vivendo em sintonia com o mesmo – desejo destacar o insubstituível papel do cristianismo para a formação da consciência de cada geração e para a promoção de um consenso ético de fundo, ao serviço de cada pessoa que chama este continente casa, lar!”

“A Europa, fiel às suas raízes cristãs – prosseguiu ainda o Papa – tem uma vocação particular a desempenhar, para manter uma visão transcendente nas suas iniciativas ao serviço do bem comum de indivíduos, comunidades e nações. Bento XVI referiu expressamente a necessidade de corresponder às aspirações dos jovens, promovendo “valores capazes de integrar a dimensão intelectual, humana e espiritual numa formação sólida”. “A sede de verdade, bondade, beleza, impressa pelo Criador em todos os homens e mulheres, visa conduzir conjuntamente as pessoas na busca da justiça, da liberdade e da paz”.

“A história demonstrou amplamente que se pode trair e manipular a verdade ao serviço de falsas ideologias, da opressão e da injustiça. Todavia, os desafios que deve enfrentar a família humana não nos chamam porventura a olhar para além daqueles perigos?
Em última análise, que há de mais desumano e destrutivo do que o cinismo que quereria negar a grandeza da nossa busca da verdade? Ou de que o relativismo que corrói os próprios valores que sustentam a construção de um mundo mais unido e fraterno?
Nós, pelo contrário, devemos reconquistar confiança na nobreza e grandeza do espírito humano pela sua capacidade de alcançar a verdade, e deixar que essa confiança nos guie na paciente actividade política e diplomática”.








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