Magistério de Bento XVI – trechos sobre a África :Se pertencemos todos á Família
de Deus, já não deveria haver ódio, injustiças, guerras entre irmãos
(25/9/2009) “Na realidade, que pode haver de mais dramático, no actual contexto
sócio-político e económico do continente africano, do que a luta frequentemente sangrenta
entre grupos étnicos ou povos irmãos? E, se o Sínodo de 1994 insistiu sobre a Igreja-Família
de Deus, qual poderá ser o contributo do deste ano para a construção da África, sedenta
de reconciliação e à procura da justiça e da paz? Os conflitos locais ou regionais,
os massacres e os genocídios que sucedem no continente devem-nos interpelar de maneira
muito particular: se é verdade que, em Jesus Cristo, pertencemos à mesma família e
partilhamos a mesma vida, dado que, nas nossas veias, circula o mesmo Sangue de Cristo,
que fez de nós filhos de Deus, membros da Família de Deus, então não deveria haver
mais ódios, injustiças e guerras ente irmãos. Ao constatar o avanço da violência
e a aparição do egoísmo em África, o Cardeal Bernardin Gantin, de venerada memória,
fazia apelo, desde 1988, a uma Teologia da Fraternidade, como resposta aos prementes
apelos dos pobres e dos humildes (cf. L’Osservatore Romano, ed. Francesa de 12 de
Abril de 1988, pp. 4-5). Na memória, tinha talvez aquilo que escrevia o africano Lactâncio
ao alvorecer do século IV: «O primeiro dever da justiça é reconhecer o homem como
um irmão. De facto, se o mesmo Deus nos fez e nos gerou a todos na mesma condição,
que aponta para a justiça e a vida eterna, estamos seguramente unidos por laços de
fraternidade: quem não os reconhece, é injusto» (Epitomé des Institutions Divines,
54, 4-5: SC 335, p. 210). A Igreja-família de Deus que está em África fez uma opção
preferencial pelos pobres, já desde a Primeira Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos.
Ela torna assim patente que a situação de desumanização e opressão que aflige os povos
africanos não é irreversível; pelo contrário, coloca cada qual diante de um desafio:
o da conversão, da santidade e da integridade”(…) (Do discurso de Bento
XVI durante o encontro com os membros do conselho especial para a África do sínodo
dos bispos na nunciatura apostólica de Yaoundé -19 de marco de 2009) xxxxxxxxxxxxxxxxx