Magistério de Bento XVI – trechos sobre a África :Os próprios africanos, trabalhando
juntos pelo bem das suas comunidades devem ser os agentes primários do seu desenvolvimento
(25/9/2009) “Angola sabe que chegou para a África o tempo da esperança. Cada comportamento
humano recto é esperança em acção. As nossas acções nunca são indiferentes aos olhos
de Deus; e também não o são para o progresso da história. Meus amigos, armados de
um coração íntegro, magnânimo e compassivo, podereis transformar este continente,
libertando o vosso povo do flagelo da avidez, da violência e da desordem e guiando-o
pela senda daqueles princípios que são indispensáveis em qualquer democracia civil
moderna: o respeito e promoção dos direitos humanos, um governo transparente, uma
magistratura independente, uma comunicação social livre, uma administração pública
honesta, uma rede de escolas e de hospitais que funcionem de modo adequado, e a firme
determinação, radicada na conversão dos corações, de acabar de uma vez por todas com
a corrupção. Na Mensagem deste ano para o Dia Mundial da Paz,
quis assinalar à atenção de todos a necessidade duma perspectiva ética do desenvolvimento.
De facto, mais do que simples programas e protocolos, as pessoas deste continente
estão justamente pedindo uma conversão profundamente convicta e duradoura dos corações
à fraternidade (cf. n. 13). A sua solicitação a quantos servem na política, na administração
pública, nas agências internacionais e nas companhias multinacionais é sobretudo esta:
permanecei ao nosso lado de modo verdadeiramente humano, acompanhai-nos as nós, às
nossas famílias e comunidades. O desenvolvimento económico e social da África
requer a coordenação do Governo nacional com as iniciativas regionais e com as decisões
internacionais. Uma tal coordenação supõe que as nações africanas não sejam vistas
apenas como destinatárias dos planos e soluções elaborados por outros. Os próprios
africanos, trabalhando juntos para o bem das suas comunidades, devem ser os agentes
primários do seu desenvolvimento. A tal propósito, existe um número crescente de eficazes
iniciativas que merecem ser sustentadas. Contam-se entre elas a New Partnership for
Africa’s Development (NEPAD) e o Pacto para a segurança, a estabilidade e o desenvolvimento
na Região dos Grandes Lagos, juntamente com o Kimberley Process, a Publish What You
Pay Coalition e a Extractive Industries Transparency Iniziative, que promovem a transparência,
o exercício comercial honesto e o bom governo. Quanto à comunidade internacional no
seu todo, é de urgente importância a coordenação dos esforços para enfrentar a questão
das alterações climáticas, a realização plena e honesta dos compromissos em prol do
desenvolvimento indicados pelo Doha round e, de igual forma, a realização desta promessa
muitas vezes repetida pelos países desenvolvidos: destinarem 0,7% do seu PIB (produto
interno bruto) para ajudas oficiais ao desenvolvimento. Esta assistência é ainda mais
necessária hoje com a tempestade financeira mundial em curso; que ela não seja mais
uma das suas vítimas”. (Do discurso de Bento XVI por ocasião do encontro
com as autoridades politicas e civis e com o Corpo Diplomático no salão de honra do
Palácio Presidencial de Luanda a 20 de Março de 2009)