2009-09-23 16:45:17

O porquê de uma segunda assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a África


(23/9/2009) Todos sabemos que a Igreja está profundamente empenhada na sociedade africana ao serviço de todos através das suas instituições no campo da educação, da saúde e nos programas de desenvolvimento. O olhar que a Igreja dirige ao continente africano alimenta-se nas fontes da vida concreta das comunidades cristãs no seu contexto ordinário de vida.
Para que a Igreja em África se manifeste de modo pertinente, a Primeira Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos propôs o modelo da Igreja-Família de Deus. E a Assembleia assinalava entre outras condições para um testemunho credível: a reconciliação, a justiça e a paz. Entre outras coisas, recomendava: a formação de cristãos para a justiça e a paz, a afirmação do papel profético da Igreja, a justa remuneração dos trabalhadores; a instituição de Comissões Justiça e Paz.
O contexto social africano modificou-se de maneira significativa desde a última Assembleia sinodal celebrada em 1994. Se, nas grandes linhas, certos problemas fundamentalmente humanos permaneceram inalterados, outros dados convidam ao aprofundamento das questões já levantadas há quinze anos atrás no plano religioso, político, económico e cultural.
Por isso a Igreja em África entende prosseguir a sua reflexão sobre a sua missão de comunhão e o seu empenho em servir a sociedade como uma nova dimensão do anúncio do Evangelho, sendo «sal da terra» e «luz do mundo» (Mt 5, 13.14).
A 15 anos de distancia as igrejas africanas sentem a urgência de reflectirem juntas sobre o caminho percorrido e para responderem aos novos problemas e desafios que enfrentam Por isso o tema escolhido para o segundo Sínodo para a África que se efectuará no Vaticano de 4 a 25 de Outubro é: a Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz..
Nalgumas igrejas particulares, as indicações que vieram do sínodo de 1994 encontraram aplicação através de planos de acção pastoral, o apostolado bíblico, as comunidades eclesiais vivas, ( lugares de estudo, meditação e partilha da Palavra de Deus) a evangelização da família, o apostolado para os jovens, a mediação da parte da Igreja entre as partes em conflito, a luta contra a pobreza, as comissões justiça e paz, o investimento nos mass-media, o dialogo ecuménico e inter – religioso com a Religião Tradicional Africana e o Islão, a luta contra a SIDA, e os projectos no campo da saúde e para sustentar a obra de evangelização.
Contudo não faltam situações negativas e muitas vezes no espaço publico, a Igreja católica é objecto de ataques agressivos da parte de seitas cristãs, instrumentalizadas pelos políticos para destruir os valores que ela defende: a família, o respeito pela dignidade e sacralidade da vida humana, a unidade. As igrejas particulares pedem portanto aos padres sinodais que as ajudem a propor melhor a própria mensagem profética, para lhes permitir falar com autoridade aos dirigentes políticos .
Nalgumas comunidades eclesiais constatam-se divisões étnicas ou tribais, regionais ou nacionais e atitudes e intenções xenófobas da parte de alguns Pastores. Verificam-se situações de discórdia entre alguns bispos e o seu presbitério, enquanto que no interior de algumas conferencia episcopais nacionais infiltram-se tomadas de posição de alguns bispos a favor de um determinado partido politico.
As experiencias sociais e eclesiais interpelam portanto a Igreja para que procure os meios para reconstruir a comunhão , a unidade, a fraternidade episcopal e sacerdotal, se revista de coragem profética, se empenhe na formação de dirigentes laicais com fé sólida para agirem na politica, para envidarem esforços no sentido de fazerem viver juntas as diferenças na sociedade.
Com uma atenção particular á formação dos padres, religiosos e religiosas desejosos de serem sinais e testemunhas do Reino. E a uma pastoral melhor para que a verdade e os valores das culturas africanas sejam tocados e transfigurados pelo Evangelho.








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