2009-09-21 12:30:17

A África a caminho do Sínodo: reconciliação, justiça e paz uma necessidade urgente


(14/9/2009) Caminhos de paz foram abertos por Pastores, por pessoas consagradas, Comunidades Eclesiais Vivas, leigos, individualmente ou por meio de associações. Ainda subsistem obstáculos que devem ser ultrapassados.
Paz: as experiências da sociedade
A dimensão sociopolítica da paz. A instabilidade política que tanto compromete a paz no continente africano enraíza-se na história: a escravatura, a colonização e a neo-colonização. Embora a migração interna e externa das populações seja um fenómeno social normal, acabou por se tornar uma fonte de problemas e conflitos. A paz é certamente mais que o silêncio das armas, mas os conflitos são o sintoma da sua ausência (na R.D. do Congo, no Zimbabwe, na Somália, no Sudão [Darfur], etc.). As transições políticas para uma gestão democrática do poder mostraram ao mundo cenas fratricidas orquestradas por facções rivais.
A dimensão socioeconómica da paz. As respostas salientam que o desemprego, a emigração massiva e clandestina e, sobretudo, os investimentos exagerados no armamento se decidem pelo recurso à violência, enquanto existem milhares de pobres, para além de serem vítimas de desigualdades económicas e de injustiças sociais,. A este propósito, o Santo Padre Bento XVI observava que «há os países do mundo industrialmente desenvolvido que arrecadam avultados lucros da venda de armas e que oligarquias reinantes em muitos países pobres pretendem reforçar a sua posição com a aquisição de armas cada vez mais sofisticadas». As guerras que atingem as regiões africanas são, em grande parte, ligadas à economia em geral.
A dimensão sociocultural da paz. As vítimas mais afectadas pelos atentados contra a paz são as famílias. A desestruturação do tecido familiar e a influência dos media provocaram progressivamente a delinquência juvenil, a depravação dos costumes, o abandono à droga, etc. Mas alguns consideram que a razão profunda da instabilidade das sociedades do continente está associada à alienação cultural e à discriminação racial que engendraram ao longo da história um complexo de inferioridade, o fatalismo e o medo. O desprezo pelas línguas africanas e pela literatura oral africana arrastou a rejeição dos valores propriamente africanos, de modo que os jovens, privados de referências, se tornaram instáveis. 
Paz: as experiências na Igreja
A Igreja participou, a vários níveis, na restauração nacional da paz, num determinado número de países, graças ao ensino e à acção dos Pastores. Nos Grandes Lagos, por exemplo, as Conferências episcopais trabalharam para construir a paz favorecendo a reaproximação dos jovens dos países em conflito.
Para cultivar a paz: que interpelações?
As Igrejas particulares esperam da Assembleia que reflicta sobre a maneira de construir uma sociedade de paz pela ajuda mútua, pela disponibilidade em acolher o outro, pelo serviço fraterno aos mais fracos (crianças, doentes, idosos), pela justiça e amor entre irmãos e irmãs, pelo restabelecimento da autoridade parental nas famílias. «A família - diz o Santo Padre Bento XVI na sua mensagem da paz - é a primeira e insubstituível educadora para a paz (…) porque (ela) permite fazer experiências decisivas de paz».
Sobressai das respostas a convicção de que «Deus pode criar aberturas para a paz lá onde parece que não há senão obstáculos e fechamento sobre si mesmo», como lembrava o Papa João Paulo II. Mas, sublinhava ainda, «não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão».Porque «na realidade, a verdadeira paz é “obra da justiça” (Is 32, 17)», esta justiça do Reino que incorpora e transcende os limites da legalidade e da qual Igreja Família de Deus quer ser Serva. Assim se manifesta a originalidade da mensagem evangélica da reconciliação, da justiça e da paz.
(Sínodo dos Bispos – II assembleia especial para a África: instrumentum laboris)










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