Já havia, na Antiguidade uma
presença muito grande de grupos de pessoas que não acreditavam em nada. Eram formados
principalmente pelos ricos e os intelectuais. Evidentemente nem todos os ricos e intelectuais
eram materialistas e descrentes, muitos acreditavam na vida após a morte.
Sua
lei era “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos!” (Is 22,13) Junto a esses havia
alguns judeus que deixaram a fé de seus antepassados e se uniram aos grupos de infiéis.
Contudo
a vida honesta e coerente dos crentes incomodava a consciência dos descrentes. Esse
incômodo está escrito na primeira frase da primeira leitura de hoje, tirada do livro
da Sabedoria. “Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se
opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova
as faltas contra a nossa disciplina.”
Hoje também temos esses grupos de materialistas
e as perseguições, mesmo que veladas, são reais. Também Jesus não escapou às garras
dessa gente. A presença, mesmo que calada, de uma pessoa de vida exemplar, incomoda
e agride aqueles que optaram por viver desonestamente.
Quando formos perseguidos,
deveremos rezar pó aqueles que nos perseguem e maltratam, mas ao mesmo tempo nos alegrar
porque nosso testemunho de fé em Deus é vivo e incomoda. Mas se nada nos acontece,
deveremos rever nossa vida, alguma coisa está errada em nosso anúncio.
No Evangelho
acontece algo que se enquadra dentro desse espírito mundano. Os judeus, com seus líderes,
não entendem o messianismo de Jesus. Eles esperam um messias triunfador, vitorioso
nos moldes dos valores deste mundo. Contudo Jesus os desnorteia quando diz que ele
irá “ser entregue nas mãos dos homens, e eles os matarão.” Para seus discípulos o
Cristo pede que o sigam no serviço de todos e em se colocarem como últimos, exatamente
contrário ao pedido da mãe de João e de Tiago, para que seus filhos ocupassem os primeiros
lugares, ao lado de Jesus. Também em nosso mundo, inclusive no mundo religioso,
quantas pessoas não aspiram e lutam para uma posição de destaque na Igreja, na paróquia,
na congregação religiosa! Quantas pessoas que ocupam lugar de importância não o usam
para serem servidas e tirarem proveito para si e para seus interesses corporativos! Lutemos
pela pureza de nossa fé. Ela será autêntica se vivermos o que nos diz São Tiago na
segunda leitura de hoje. ”Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda
espécie de obras más. De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós?”
E
o Apóstolo ensina “... a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois
pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade
e sem fingimento.”
Vivamos nossa fé na pureza de sentimentos e na entrega total
de nossa vida a Jesus Cristo. Que ele viva em nós! Que nossa riqueza e nossa sabedoria
sejam viver ao máximo a fé cristã. (CA)