IGREJA NO PAQUISTÃO PEDE FIM DA LEI SOBRE A BLASFÊMIA
Roma, 19 set (RV) - A agência de notícias Fides divulgou o pedido do Presidente
da Conferência Episcopal do Paquistão, Dom Lawrence Saldanha, de abolir a polêmica
lei sobre blasfêmia sob a qual se justificaram numerosos ataques contra os cristãos,
incluindo a recente execução de um jovem cristão encarcerado injustamente. “É uma
lei injusta e pedimos ao governo que a remova. Esta medida é a maior responsável pelos
últimos episódios de violência contra os cristãos paquistaneses. Por isso lançamos,
através da Comissão de Justiça e Paz, a petição e uma coleta de assinaturas, que apresentaremos
ao Primeiro ministro Raza Gilani”, informou Dom Saldanha.
O prelado recordou
que “depois do massacre de Gojra, o primeiro-ministro tinha manifestado seu parecer
favorável à abolição da lei com a finalidade de proteger a harmonia religiosa no país,
pelo qual esperamos que tome cartas no assunto. Entretanto, também sabemos que a maioria
dos muçulmanos conservadores apóiam fortemente esta lei e se opõem à sua revogação”.
No
início desta semana, o jovem cristão Robert Fanish, foi acusado por blasfêmia, detido
e assassinado na prisão. Embora a polícia carcerária tenha definido o fato como suicídio,
a comunidade cristã está convencida de que se trata de um “homicídio premeditado”
e acusa à administração local de querer cobrir os culpados.
Para a Comissão
Justiça e Paz, no caso do jovem houve “negligência de parte da polícia e do governo”;
por isso exigiu “uma investigação imediata para determinar os responsáveis pelo homicídio”.
“A semana passada, sobre a base de falsas acusações e circunstâncias similares, foram
atacados assentamentos cristãos no Karachi e na região de Punjab. Reiteramos com força
a reclamação de abolir esta medida” afirma um comunicado da comissão.
Segundo
informa a agência Fides, nos últimos 25 anos cerca de mil pessoas foram acusadas injustamente
de blasfêmia, incluindo numerosos cristãos e membros de outras minorias religiosas.
Ao menos 30 pessoas morreram e centenas sofreram encarceramento, marginalização e
perda de suas propriedades como conseqüência das falsas acusações de blasfêmia.
A
“lei sobre a blasfêmia” envolve os artigos do Código Penal paquistanês que condena
“aqueles que com palavras ou escritos, gestos ou representações visíveis, com insinuações
diretas ou indiretas, insultam o sagrado nome do Profeta Maomé”. As penas relativas
prevêem duras penas de cárcere, cadeia perpétua e pena de morte. (SP)