Uma cultura da violência prevalece na Nigéria, denunciam os Bispos
(17/9/2009) "Uma cultura da violência prevalece na nossa nação": esta é a denúncia
feita pelos bispos da Nigéria, no comunicado final da segunda reunião plenária, realizada
em Kafanchan. A situação social e política do país com a mais vasta população
no continente africano foi o núcleo das conferências dos prelados, os quais destacaram
a necessidade de que o Governo garanta a protecção da população, em especial das minorias
religiosas. Os bispos concentraram – se em duas regiões: o norte, onde actuam
grupos fundamentalistas religiosos, e o Delta do Níger, palco de um longo conflito
social ligado à exploração dos recursos naturais da região. Referiram-se em especial
aos confrontos entre os policias e milícias islâmicas pertencentes à seita Boko Haram
(conhecidos como "talibãs"), que causaram um elevado número de mortos: "Deploramos
profundamente e condenamos a perda de vidas humanas e de bens – recordando que a Constituição
garante a liberdade de religião de todo cidadão.
"Deus não deu a ninguém
o direito de matar em seu nome nem autorizou ninguém a violar a dignidade de outros
seres humanos" – acrescentaram. Aos políticos do país, os bispos nigerianos recordaram
que lhes cabe a responsabilidade de proteger a população: "Não existe democracia
se o Governo não pode proteger a vida e as propriedades dos cidadãos". Ainda na
Nigéria, o Fórum dos representantes cristãos do Delta do Níger escreveu uma carta
aberta ao chefe de Estado, Umaru Yar’Adua, com uma série de propostas para acabar
com a violência na região. A carta é assinada, entre outros, pelos responsáveis
pelas Igrejas Católica, Anglicana e Metodista. O tema central: a gestão dos recursos
petrolíferos. Desde 2006, o Delta do Níger, maior fornecedor de barris de petróleo
do país, é devastado por ataques do Movimento de Emancipação (MEND), que se opõe à
instalação de plataformas petrolíferas e pedem a distribuição do lucro proveniente
das extracções.