PAQUISTÃO: TUMULTO DURANTE FUNERAL DE JOVEM CRISTÃO
Lahore, 17 set (RV) – Lançamento de gás lacrimogêneo, numerosos feridos e uma
série de detenções foram o resultado de uma ação da polícia contra uma multidão reunida
ontem para o funeral de Fanish Masih, o jovem cristão paquistanês de 20 anos que morreu
na prisão na noite entre os dias 14 e 15 de setembro. As forças de ordem justificaram
o duro ataque dizendo que queriam “prevenir ulteriores desordens” durante o funeral
do jovem, que morreu na prisão em conseqüência das violências – segundo fontes locais
– infligidas pelos guardas da mesma prisão.
Nadeem Anthony – membro da Comissão
nacional para os direitos humanos (Hrcp) – referiu à agência AsiaNews que o corpo
de Fanish foi sepultado ontem em um cemitério de Sialkot. “Centenas de pessoas participaram
da cerimônia”, turbada pelo ataque da polícia que “lançou gás lacrimogêneo e prendeu
vários cristãos”. Diversas associações para os direitos civis protestaram na cidade
de Lahore.
Entretanto, durante todo o dia de ontem na localidade de Sialkot
a tensão permaneceu alta, com os parentes do jovem morto que realizaram atos de protesto
mostrando o corpo do jovem em uma rua central da cidade. Eles pediram a prisão dos
policiais responsáveis pela morte de Fanish.
A Comissão Nacional de Justiça
e Paz, organismo da Igreja Católica do Paquistão, condenou com firmeza “o homicídio
do jovem”. Muito dura a tomada de posição de Dom Lawrence John Saldanha e Peter Jacob,
respectivamente presidente e secretário executivo da Conferência Episcopal Paquistanesa,
que não “acreditam na versão oficial das autoridades, segundo a qual o jovem se suicidou
depois de ter sido transferido para a prisão”.
Waqar Ahmad Chohan, oficial
da delegacia de polícia de Sialkot, referiu que Fanish – acusado de blasfêmia por
ter profanado o Alcorão – se suicidou na sua cela”. Na realidade a comunidade muçulmana
local não via com bons olhos a relação do jovem com uma muçulmana. Entre as testemunhas
do presumível ato de blasfêmia do jovem, de fato, está também a mãe da jovem.
Os
líderes católicos pedem “investigações verdadeiras” para um caso evidente de “homicídio”.
Qualquer pessoa que seja responsável, de modo direto ou indireto, pela morte de um
jovem inocente - afirmou Dom Saldanha – deve responder perante a justiça”. Ontem,
Kamran Michael, Ministro do Punjab para as minorias, apontou o dedo contra a polícia,
culpada de não ter enfrentado o caso de modo “adequado”. “Eu vi o corpo do jovem –
disse ele – o qual apresentava sinais evidentes de torturas”.
Para recordar
o jovem morto na prisão, a comunidade cristã paquistanesa proclamou dois dias de luto.
(SP)