SANTA SÉ: GARANTIR ACESSO DAS CRIANÇAS AOS MEDICAMENTOS
Poznan, 14 set (RV) - "Existe o risco de um desastre humanitário e de um colapso
mundial do sistema de saúde." Esta é a grave preocupação do papa expressa ontem pelo
presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde, Arcebispo
Zygmunt Zimowski, durante o Congresso Mundial da Federação Internacional de Farmacêuticos
Católicos.
O evento, que se conclui hoje em Poznan, na Polônia, debate o tema:
"A segurança do medicamento: ética e consciência para o farmacêutico".
O prelado
lançou um apelo para que o acesso aos medicamentos seja garantido aos mais pobres,
denunciando o fato de que, na atual crise econômica mundial, a assistência médica
aos doentes em países em desenvolvimento, em especial às crianças, diminuiu ainda
mais, com trágicas conseqüências.
"Em demasiadas regiões – disse –, faltam
os remédios de primeira necessidade. Muitas vezes, por motivos econômicos, as doenças
típicas de países em desenvolvimento são ignoradas porque, apesar de matarem milhões
de pessoas, não constituem um mercado suficientemente rico."
Daqui provém
o termo sintomático "orphan drugs" (fármacos órfãos), ou seja, os remédios que não
se estudam, não se produzem e não se distribuem porque os potenciais compradores não
têm a capacidade econômica para comprá-los. "Isso torna evidente que a saúde não é
mais governada pela ética tradicional da medicina, mas pela lógica da indústria" –
avaliou o arcebispo.
Outro problema relevado por Dom Zimowski é a falsificação
de remédios, que atinge primeiramente as crianças. "Falsos antibióticos e falsas vacinas
produzem graves repercussões sobre a saúde" – recordou. Segundo a Organização Mundial
da Saúde, 50% dos antimaláricos vendidos no mercado são falsos.
Aos farmacêuticos
católicos, Dom Dom Zimowski recordou as palavras de João Paulo II, que dizia: "Na
distribuição dos remédios, o farmacêutico não pode renunciar às exigências da sua
consciência em nome das leis do mercado, nem em nome de legislações condescendentes.
O lucro, legítimo e necessário, deve ser sempre subordinado ao respeito da lei moral
e à adesão ao magistério da Igreja". (BF)